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Dramaturgo francês fala de suas obras no Fórum

O projeto “Novarina em Cena”, que contou com a participação de alunos do curso de Direção Teatral da Escola de Comunicação da UFRJ (ECO) em parceria com a Universidade de Paris VIII, vem promovendo, desde o último dia 22 de junho, encenação de espetáculos e uma série de discussões sobre a obra de Valère Novarina, autor e dramaturgo contemporâneo francês. Para encerrar o ciclo de debates, o dramaturgo veio ao Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, no dia 13 de julho, para responder a questões do público sobre sua obra, processo criativo e visão sobre o teatro.

Valère Novarina é mais conhecido no Brasil pela peça Vous qui habitez le temps (Vocês que habitam o tempo), traduzida por Angela Leite Lopes, professora da Escola de Belas Artes da UFRJ (EBA) que há mais de dez anos passa para a língua portuguesa as obras desse artista. Segundo a professora, a obra de Novarina é um importante expoente do teatro atual que inova pelos jogos de linguagem, como o uso de neologismos e a interferência na sintaxe.

“A linguagem está no centro do teatro. Não há lugar para a psicologia nas minhas peças. Vamos ao teatro para retomar a consciência de que a linguagem é fluida, uma onda que se estende pelo teatro e bate nos espectadores”, afirmou Novarina.

Novarina expôs sua visão de que a linguagem é fundamental para o teatro e também de que o papel do ator é apenas o de transmitir a palavra, cabendo ao espectador senti-la do modo que quiser. “É o espectador que compreende a peça e o ator não deve compreendê-la, mas sim se submeter à linguagem. Uma certa inocência do ator é necessária, o que não significa que o ator tenha que ser ignorante ou inculto.”

Segundo o dramaturgo, o espectador é atingido pela linguagem de diferentes maneiras de acordo com a sua própria experiência. “A linguagem é percebida pelos sentidos em sua pluralidade e volume. Ela está ligada a um corpo que a queima. O ator faz a combustão da linguagem quando respira”, disse. Novarina contou que, ao assistir uma peça, é capaz de ver a linguagem em forma de flechas sendo lançadas do palco em direção à platéia.

Indagado sobre sua relação com a linguagem, confessou viver dividido entre duas ideologias: a defendida pelo dramaturgo Antonin Artaud e a de São Paulo. Segundo Artaud, toda linguagem seria incompreensível. Já para São Paulo, nada existiria sem linguagem.

O projeto “Novarina em Cena” prossegue essa semana com as encenações das peças do dramaturgo francês. No dia 16, será a vez de Vocês que habitam o tempo, no teatro Glauce Rocha, e A inquietude, no Teatro Sesc Copacabana. No mesmo local, serão apresentados O ateliê voador, no dia 17, e O animal do tempo, dia 18.