Abertura do evento contou com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Com a participação de mais de três mil pessoas, entre professores e pesquisadores nacionais e internacionais, o Congresso segue até sexta-feira, no campus da Praia Vermelha.

">Abertura do evento contou com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Com a participação de mais de três mil pessoas, entre professores e pesquisadores nacionais e internacionais, o Congresso segue até sexta-feira, no campus da Praia Vermelha.

">
Categorias
Memória

Consensos e controvérsias entre os sociólogos

Abertura do evento contou com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Com a participação de mais de três mil pessoas, entre professores e pesquisadores nacionais e internacionais, o Congresso segue até sexta-feira, no campus da Praia Vermelha.

 Com o tema “Sociologia: consensos e controvérsias”, o XIV Congresso Brasileiro de Sociologia começou nessa terça-feira (28/7) no auditório Luiz Hidelbrando Horta Barbosa, do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CT/UFRJ). Na cerimônia de abertura houve apresentação de chorinho, lançamento de livros e a entrega do Prêmio Florestan Fernandes para aqueles que se destacaram no campo das Ciências Sociais.

Um dos agraciados com a premiação foi o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que comentou os pontos convergentes e divergentes do Brasil, como sugere o tema do congresso. “Consenso nós começamos a formar, as pessoas sabem hoje que temos de ter estabilidade na economia, tem de ter democracia, tem de trazer avanço na área social. Isso não divide o Brasil, todos estão de acordo com isso. Agora, como fazer, aí dá um pouco de controvérsia. Uns querem de um jeito, outros querem de outro, mas isso faz parte da democracia. No conjunto, se comparar o Brasil hoje e há 20 anos, mudou-se para melhor”, afirmou.

Fernando Henrique Cardoso relatou uma conversa que teve com um representante da academia de Ciências Sociais da China presente ao congresso, que o questionou sobre não haver mais choques radicais no Brasil. “Chega-se a certo nível de desenvolvimento em que as pessoas aprendem. Há vários caminhos e temos de entender que não há o caminho perfeito nem outro tão mal assim”, respondeu ele, para demonstrar a maturidade política alcançada pela sociedade brasileira.

O evento, que reúne mais de três mil participantes entre professores e pesquisadores de dentro e fora do Brasil, segue até sexta-feira, 31 de julho, no campus da Praia Vermelha. Desigualdades sociais, violência, cultura, meio ambiente, gênero, ética e ciência estarão em debate entre os participantes do evento, promovido pela  Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), que aproveita para comemorar 60 anos de existência.  Inclusive, no dia 29, às 19h, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, será aberta uma exposição para relembrar a trajetória da entidade.

Liberdade de expressão alimenta universidade

O presidente da SBS, Tom Dwyer, destacou na solenidade de abertura os papéis da entidade para a democracia, entre eles o de ajudar a quem tem dificuldades com os poderes constituídos. “Nesse congresso debateremos o sigilo e o acesso a dados, pois quando eles são públicos nos ajudam a resolver nossas controvérsias. Fazer com que o poder seja visível”, afirmou.

Ele destacou que outra maneira de avançar no trabalho de construir a sociologia no país é a discussão que haverá sobre as Ciências Humanas e a Política Científica. Dwyer agradeceu à contribuição da UFRJ na realização do congresso no Rio de Janeiro, que terá conferências, mesas-redondas, fóruns, sessões especiais, minicursos, grupos de trabalho, laboratórios de pesquisa e o espaço “Sociólogos do Futuro”, destinado à apresentação, no formato de pôsteres, de pesquisas de jovens pesquisadores de todo o país.

O reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, ressalvou que seria estranho se a universidade não prestasse  apoio aberto à realização do congresso, principalmente porque há o sentimento de que as Ciências Humanas e Sociais tenham sido relegadas nos últimos anos nas instituições do ensino superior. “A tecnologia é importante, mas já se vai o tempo em que se acreditava que o simples desenvolvimento das forças produtivas levaria ao progresso da sociedade, sem a intervenção consciente dos agentes sociais que lutam pela transformação. E a universidade tem de refletir a importância das humanidades e das artes”, assegurou.

Para Teixeira, a liberdade de expressão é o alimento da universidade, é o maior patrimônio da instituição poder aceitar todas as formas de manifestação. Segundo o reitor, acolher o congresso reforça a luta para que estejam presentes os princípios presentes na vida universitária, como a indissociabilidade entre ensino e pesquisa, a evidência ao mérito e a pluralidade de ideias. A universidade “é um ambiente de debate e diferença de opinião. Não há outro lugar que esse congresso pudesse ser realizado senão na UFRJ”, concluiu.