O francês Antoine Laurent de Lavoisier, considerado o pai da química moderna, já dizia que na natureza nada se cria e nada se perde, mas tudo se transforma. Para discutir novos métodos na prática das profissões ligadas à química, aconteceu, nesta sexta-feira (26/6), o primeiro workshop “Inovação e Sustentabilidade na Indústria Química”, organizado pela Escola de Química (EQ/UFRJ), em parceria com a Associação Brasileira de Engenharia Química (ABEQ).
O evento, que acontecerádará anualmente, contou com a presença de representantes do Inmetro, da Embrapa e da Petrobráas. Também compareceram Walter Suemitsu, decano do Centro de Tecnologia (CT/UFRJ), e Luiz Antônio D’Ávila, diretor da EQ.
Suzana Borschiver, professora da UFRJ e uma das responsáveis pelo workshop, afirmou que “a Indústria Química não pode mais se esquivar da discussão sobre sustentabilidade”. Ela observou, ainda, a importância de se conciliar o conhecimento e a força produtiva.
Segurança e descompasso
Na primeira mesa-redonda do dia foi discutida a identificação de toxicidade dos produtos químicos, ainda em processo de unificação. O GHS, sistema global de classificação desses compostos, criado em dezembro de 2002, ainda não é adotado em larga escala.
Segundo o portal da Comissão Econômica para a Europa da ONU, 67 países, dentre os quais o Brasil, já se comprometeram a adotar os parâmetros estabelecidos pelo Purple Book, documento que reúne as bases do sistema; contudo, ainda há muito trabalho pela frente, observou Rogerio Corrêa, chefe da divisão de superação de barreiras técnicas do Inmetro.
Além da questão da segurança, comentou-se a desaceleração da indústria farmacêutica brasileira, diretamente ligada à crescente importação de princípios ativos: entre 1989 e 2007, por exemplo, o valor total dos produtos comprados pelo Brasil passou de um milhão para um bilhão de dólares.
Marcos Oliveira, vice-presidente de estudos e planejamento da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina (Abifina), acredita que os números mostram um descompasso, dada a quantidade de profissionais qualificados que chegam no mercado de trabalho a cada ano. Para ele, “só investir em ciência não garante inovação tecnológica, se não há um contínuo entre a pesquisa básica e o mercado”. Mais do que fomentar a pesquisa acadêmica, é preciso incentivar a indústria a induzir o próprio desenvolvimento.
Premiação
Foram anunciados durante o workshop os ganhadores da oitava edição do Prêmio Nacional Braskem Abeq de Pós-graduação e do 16º Desafio Universitário Oxiteno/Abeq de Engenharia Química. Diferente do Prêmio Braskem, no qual são contemplados apenas trabalhos de alunos de pós-graduação, o Desafio Oxiteno é destinado a graduandos. O objetivo é que os estudantes completem a tarefa/desafio da melhor forma possível.
Tanto na categoria mestrado quanto na de doutorado do Prêmio Braskem, os ganhadores são da UFRJ: respectivamente, João Baptista Severo Júnior e Eduardo Rocha de Almeida Lima, alunos do Programa de Engenharia Química do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ). Já no Desafio da Oxiteno, ganhou um grupo de alunos da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). São eles José Nilton Silva, Iane Oliveira do Nascimento e Thalita Fernanda Trajano da Silva.