A palestra de abertura da “IV Convenção Estadual de Solidariedade a Cuba: 50 anos do Triunfo da Revolução Cubana” ocorreu na noite de segunda-feira, dia 8, no Fórum de Ciência e Cultura, no campus da Praia Vermelha, tendo como tema “A importância das Vitórias e Conquistas da Revolução Cubana para os Povos do Mundo”. O encontro, que prosseguiu na terça, dia 9, teve a participação do cônsul de Cuba em São Paulo, Aldo Fidel, do professor e ex-deputado estadual pelo MDB-RJ Raymundo de Oliveira e do moderador Luís Edmundo Costa Leite, subsecretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro. O debate foi promovido pela Associação Cultural José Martí. Cada palestrante destacou as contribuições da revolução cubana para a humanidade.
Segundo Raymundo de Oliveira, uma das principais conquistas do movimento liderado por Fidel Castro teria sido a criação de uma nova maneira de lidar com a tecnologia de modo a aumentar a durabilidade dos produtos. “Como resultado do bloqueio imposto a Cuba, a gente vê em Havana automóveis dos anos 50 que ainda funcionam muito bem. Cuba foi obrigada a aumentar o ciclo de vida dos produtos. Isso tem uma importância muito grande, porque o que o capital tem feito é reduzir o ciclo de vida dos produtos”, disse o ex-deputado.
Raymundo defendeu que a tecnologia de um país é orientada pela sua política. Segundo ele, Cuba seria um país ecológico e sua maneira de lidar com a tecnologia, uma alternativa à lógica de produção capitalista, movida pelo desperdício e geradora de poluição. A segunda contribuição destacada pelo ex-deputado foi a solidariedade que a revolução teria gerado.
“Nessa sociedade capitalista, falar de solidariedade é uma piada. Mas Cuba faz hoje um enorme esforço para apoiar a educação e a saúde em países pobres. Faz isso sem ganhar nada em troca”, disse Raymundo, destacando que a ilha de Fidel Castro possui os melhores médicos e que, logo após a revolução, teve o analfabetismo erradicado. Como exemplo da solidariedade de Cuba, participantes que assistiam ao seminário citaram a “Operação Milagre”, uma iniciativa do ex-presidente Fidel Castro que, em 2004, com o apoio de médicos dos Estados Unidos e da Venezuela, iniciou tratamento de vista gratuito nos países mais pobres da América Latina. A ação era parte do plano de integração entre os países latino-americanos “Alternativa Bolivariana para las Américas” (ALBA).
A terceira contribuição da república socialista, segundo Raymundo, foi o internacionalismo. Segundo ele, Cuba constantemente oferece ajuda política a diversos países do mundo, como a Angola. “A independência de Angola esteve por um fio e quem garantiu sua independência foi o sangue do soldado cubano”, salientou o ex-deputado, referindo-se ao apoio militar dado por Cuba ao Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA) em 1975, quando o controle do país era disputado entre o MPLA e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), mais tarde apoiada pelos EUA.
Já Luís Edmundo destacou a erradicação do analfabetismo e o êxito na área de saúde como as maiores conquistas da Revolução Cubana. “Apesar de muitos detratores não concordarem com a Revolução Cubana, não há dúvida de que ela é sempre uma referência ligada à saúde e à educação”, disse o subsecretário estadual de Ciência e Tecnologia.
O cônsul Aldo Fidel, falando em espanhol, defendeu que a Revolução Cubana começou há mais de 100 anos, “quando figuras da altura de José Martí foram capazes de ver a importância da união dos povos da América Latina e darem conta da ameaça do Império nascente dos EUA para a nossa República”. José Martí foi o criador do Partido Revolucionário Cubano (PRC) e mártir da independência de Cuba em relação à Espanha.