No dia 26 de junho, o Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF/UFRJ) realizou o Simpósio em Homenagem aos 70 anos da professora Leny Alves Cavalcante, no auditório do IBCCF. Durante a abertura do evento, foi lembrada a participação da professora como editora- chefe da Revista Brasileira de Biologia e dos Anais da Academia Brasileira de Ciências.
Em seguida, a professora Rosália Mendez-Otero apresentou alguns projetos em curso no laboratório de Biofísica que analisam o uso de células-tronco adultas em doenças neurológicas. De acordo com Rosália, os estudos foram direcionados a partir das características limitadas de regeneração das células adultas. “O nosso objetivo não é substituir neurônios, pois sabemos que isso não é possível. O que nós estamos pretendendo é usar as células-tronco adultas para diminuir a morte da célula do sistema nervoso e aumentar a capacidade de recuperação do sistema nervoso”, salientou a palestrante.
Segundo a professora Mendez-Otero, quando em contato com tecidos lesados, as células-tronco adultas respondem ao estímulo da lesão, produzindo alguns fatores que vão atuar sobre o tecido lesado. “Nós exploramos essa função das células-tronco para tentar aumentar o potencial de regeneração do tecido ou diminuir a morte celular causada pela lesão.”
Recuperação de células do Nervo Óptico
Em uma das pesquisas feitas por alunos de doutorado do IBCCF, foi testada a ação das células-tronco sobre a morte de células do nervo óptico de ratos. Primeiramente, esmagou-se o nervo óptico dos ratos, causando a morte de 80% das células e, em seguida, as células-tronco foram aplicadas na lesão. “Quando as células foram aplicadas, foi possível salvar cerca de 40% das células. Pode parecer pouco, mas não há muitos tratamentos que consigam produzir uma neuro-proteção das células neuronais nesses valores”, explicou a professora.
Em seguida, as células sobreviventes foram testadas para saber se elas ainda podiam exercer as suas funções normais. De acordo com observações feitas no animal em que foram aplicadas as células-tronco, as células neuronais da região lesionada conseguiam fazer seus axônios ultrapassar o local lesionado. “Então, as células não só produziram uma neuro-proteção, mas também aumentaram a regeneração do axônio dessas células. E em observações posteriores, constatou-se que essas células também chegam ao núcleo- alvo”, concluiu Rosália Mendez-Otero.