Uma possível transferência para a Cidade Universitária e o sistema de transportes para a região foram os principais assuntos da Congregação da Faculdade de Direito (FD), realizada nesta segunda, dia 8, no prédio da unidade, no Centro do Rio. Além dos integrantes do Comitê Técnico do Plano Diretor (CTPD), do reitor Aloísio Teixeira e da diretora da FD, Juliana Magalhães, estiveram presentes representantes do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (CACO), professores e demais estudantes. A reunião teve início com a apresentação das diretrizes gerais e das principais propostas do Plano Diretor, seguido de um debate em que os presentes tiveram a oportunidades de manifestar insatisfações, sugestões e elogios.
“Já caiu o mito de que se trata de uma transferência compulsória. O simples fato de estarmos aqui reunidos já derruba esta teoria”, comentou Amanda de Souza, diretora executiva do CACO. “Além disso”, continuou, “me agrada a a idéia de integração com as comunidades circunvizinhas. Vejo que a universidade está pensando de uma maneira orgânica”, disse a discente, em referência aos projetos que incorporam o entorno da Cidade Universitária, como a despoluição dos canais do Cunha e do Fundão e a construção da nova ponte de acesso, que amenizará o problema do tráfego na região.
Mobilidade e Acesso
Não obstante os pontos positivos apontados, a dirigente estudantil também manifestou preocupação com os investimentos justamente na área de mobilidade e acesso. “Não vejo, na prática, um engajamento por parte do Governo do Estado nessas questões”, registrou. O professor Carlos Vainer, integrante do CTPD, respondeu. “Sem dúvida nenhuma, se não melhorarmos o acesso, este projeto não tem viabilidade alguma. Mas temos nos reunido periodicamente com representantes das três esferas governamentais e o retorno que temos recebido é muito positivo. Inclusive, o vice-governador (e secretário estadual de Obras), Luiz Fernando Pezão, já se comprometeu na construção da nova ponte”, garantiu Vainer.
Carolina Barreto, representante do Diretório Central do Estudantes (DCE) Mário Prata, reiterou as críticas expostas em suas manifestações no Conselho Universitário. “O projeto arquitetônico é muito bonito, mas ele não responde à pergunta de ‘qual universidade nós queremos?’. As transferências propostas neste plano atendem à implementação do Reuni na universidade. O que vai acontecer com as unidades que optarem por não se transferir? Vão deixar o teto cair na cabeça delas?”, questionou a militante. “Não vejo nenhuma possibilidade real deste plano ser concluído”, prosseguiu. “Todos sabem das dificuldades financeiras que a universidade tem. Vamos acabar tendo inúmeras pernas secas espalhadas por todo o Fundão em 2020”, atacou.
Mais uma vez, Vainer saiu em defesa do projeto. “É claro que temos um projeto de universidade. Queremos uma universidade que integra todas as áreas do conhecimento e não uma Faculdade de Direito isolada das outras. É a própria instituição que perde com este isolamento”, reagiu. Vainer também defendeu a concretização dos projetos apresentados. “A limpeza dos canais do Cunha e do Fundão já começou; as obras do terminal de integração já começaram; a construção da ciclovia também. Estamos propondo uma universidade integrada e que se integre à cidade. Queremos cursos noturnos, bibliotecas, restaurantes e residências universitárias”, rebateu.
O docente confirmou a necessidade primeira de alocação de recursos no campus da Cidade Universitária. “Conforme decidido no Conselho Universitário, a prioridade de investimentos será a Cidade Universitária. É claro que terão que ser dadas condições de trabalho para quem optar permanecer onde estão. Mas a estrutura dos prédios (na Praia Vermelha e nas chamas “Unidades Isoladas”) onde as atuais unidades estão localizadas é muito precária. Estamos dando condições a essas unidades de cumprirem com a meta de expansão demandada e de terem uma infraestrutura de ensino e pesquisa dignas”, afirmou.
Transferência
A constatação foi confirmada por Luciana Boiteux, professora da FD e representante dos professores adjuntos na Congregação. “O que penso em termos de universidade está muito próximo do que foi apresentado aqui hoje. Eu prefiro sair da UFRJ do que permanecer neste prédio como ele se encontra hoje. Eu dou aula para uma turma de 140 alunos. Além disso, não temos salas de pesquisa”, relatou. A docente falou ainda sobre a transferência da unidade. “Sou contrária à ideia de dividir a unidade: os primeiros períodos vão, os demais ficam. A princípio, sou favorável à transferência, desde que se discuta as condições para isto”, declarou.
A diretora da FD, Juliana Magalhães, afirmou que será realizada uma votação na unidade para aferir as posições prós e contras à transferência. “No entanto”, ressaltou ela, “será uma consulta e não um referendo deliberativo, pois a instância máxima de deliberação na FD continua sendo a Congregação”, disse. Segundo Juliana, estão sendo realizadas melhorias na rede elétrica do prédio da Moncorvo Filho, 8. “Dentro de dois ou três anos estaremos com uma estrutura melhorada. Mas, ainda assim, ela não será suficiente para atender à nossa demanda de crescimento para os próximos anos”, argumentou.
Aloísio Teixeira concluiu a reunião apontando seus argumentos em favor da integração. “Estou convencido de que o futuro desta universidade está na Cidade Universitária. A convivência à distância é improdutiva à instituição. O que integra é a possibilidade de acesso ao conjunto de conhecimentos que a universidade produz. Só quando isto ocorrer é que teremos a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”, afirmou. O reitor lembrou ainda que as propostas apresentadas tem como umas das finalidades a democratização ao ensino superior. “Da maneira como está, a universidade não cumpre a sua principal finalidade social, que é o acesso amplo aos jovens deste país. Foi-se o tempo que as universidades serviam a apenas a uma elite econômica. Ela tem que ser um direito universal para todos os jovens deste país”, encerrou.