Com o objetivo de discutir de forma humanística a cidade do Rio de Janeiro, começou na sexta-feira, dia 26, o ciclo “Diálogos cariocas”, série de quatro debates promovidos pelo Fórum de Ciência e Cultura (FCC). “O Rio que se muda” foi o tema do primeiro encontro, que reuniu o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, e especialistas no Salão Dourado do FCC, no campus da Praia Vermelha.
Carlos Fernando Andrade, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), traçou um panorama das transformações ocorridas no Rio nas últimas décadas. Com base em sua tese de doutorado, Andrade afirmou que, desde os anos 60, a cidade passa por um processo de retração populacional característico de países desenvolvidos.
“O Rio de Janeiro apresenta o menor crescimento populacional entre as cidades-polo de regiões metropolitanas. Entretanto, a cidade exporta população, que é uma característica de subdesenvolvimento”, explica o superintendente do Iphan. Segundo ele, há um crescimento pontual principalmente na Zona Oeste, incluindo Barra da Tijuca e Jacarepaguá, em razão da migração de moradores da Zona Norte para esses bairros.
Andrade citou alguns motivos que explicam a retração populacional da cidade, como a transferência da Capital federal para Brasília, a ascensão de outros polos e a proximidade geográfica com São Paulo. A partir dos argumentos apresentados pelo superintendente do Iphan e trechos do filme Orfeu do Carnaval, de Marcel Camus, foi aberto o debate para os outros convidados: Luiz Antônio Guaraná, atual secretário de Obras do Rio de Janeiro, Mauro Osório da Silva, economista e professor especialista em estudos sobre o Rio de Janeiro, e Roberto Ainbinder, arquiteto e urbanista.
Peso político
Osório lembrou que, em 1960, quando o Rio de Janeiro deixou de ser Capital, nem mesmo os cariocas acreditavam na possibilidade de perder essa condição. “Não fizemos nada. Não imaginávamos que fosse possível em tão pouco tempo deixar de ser o centro. É por esse motivo que precisamos de mais ‘diálogos cariocas’”, comentou.
Guaraná ressaltou que, embora tenha perdido a condição de Capital, o Rio não deixou de ser o centro cultural do país. Segundo o secretário, tal posição ajuda a cidade, através de uma grande elite intelectual, a definir o que deseja de si mesma. Guaraná declarou ainda ser importante não ter medo de errar: “A pessoa que não tenta implementar já errou”, salientou.
Ainbinder enumerou outras características do Rio como marcas da cidade após a transferência do poder político para Brasília. Para ele, é preciso investir nas vocações cariocas: cultura, entretenimento e turismo.
O próximo debate de “Diálogos cariocas”, com o tema “Rio, cidade, lagoa, mar e floresta”, ocorre nesta terça-feira, dia 30 de junho. O evento começa às 14h no salão Dourado do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. O campus da Praia Vermelha fica na av. Pasteur 250, Urca.