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Crise e neoliberalismo encerram seminário de estudos internacionais

No segundo dia do seminário de inauguração do Núcleo de Estudos internacionais (NEI/UFRJ), realizado na sexta-feira, dia 05, Alfredo Saad, professor de economia política do IE/UFRJ, fez diversas considerações sobre o atual cenário de crise. O seminário foi realizado em uma das salas do NEI, localizado no campus da Praia Vermelha, com abertura do diretor do Núcleo, Ronaldo Fiani. Segundo Saad, uma das primeiras tarefas para compreender o tipo de crise é buscar o significado do conceito de neoliberalismo.

– O capitalismo não é uma ideologia, é um tipo de capitalismo que surgiu para sanar os problemas que o keynesianismo (afirmação do Estado como agente indispensável de controle da economia) não conseguiu resolver. Entre as características do neoliberalismo estão a transnacionalização de empresas, o controle da mão de obra e a reconstituição do imperialismo americano – afirma o professor.

Entre os assuntos discutidos estavam também a questão do mercado imobiliário, a retração do crédito e a dificuldade de integração da classe trabalhadora no modelo neoliberal.

O evento prosseguiu com Matias Vernengo, consultor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e professor da University of Utah. Para ele, o neoliberalismo é uma ideologia, e não uma fase específica do capitalismo. O palestrante buscou desenvolver respostas para duas questões: “Ideologias sofrem crises?” e “As políticas de governo para enfrentar a crise revelam sua ideologia?”

Relações na América Latina

Ao final do seminário, o decano do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE), Alcino Ferreira Camara Neto, revelou que a vontade de criar um núcleo voltado para os estudos internacionais é antiga e que é grande a perspectiva de crescimento dessa área de estudo na universidade.

– A questão dos estudos internacionais na UFRJ é uma preocupação desde 1986, quando tentamos pela primeira vez criar esse núcleo. Pretendemos avançar ainda mais na área internacional. A UFRJ era a única grande universidade que não tinha graduação em Relações Internacionais e hoje isso mudou – disse o decano.

Segundo Alcino, o NEI pretende se aprofundar nos estudos regionais de áreas como a América Latina e Ásia. Para isso, já está prevista, para este ano, a realização do Seminário do Estado Desenvolvimentista, com apoio do Banco do Brasil.