O sociólogo Francisco de Oliveira (foto) foi o convidado da palestra “Crise estrutural e alternativas ao capital – o papel da universidade”, que aconteceu nesta terça, dia 30, no auditório Roxinho, no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN).

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Memória

Francisco de Oliveira nos 30 anos da Adufrj

O sociólogo Francisco de Oliveira (foto) foi o convidado da palestra “Crise estrutural e alternativas ao capital – o papel da universidade”, que aconteceu nesta terça, dia 30, no auditório Roxinho, no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN).

 Francisco de Oliveira foi o convidado da palestra “Crise estrutural e alternativas ao capital – o papel da universidade”, que aconteceu nesta terça, dia 30, no auditório Roxinho, no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN). Durante o evento, que segue até o próximo dia 2 e é parte das comemorações dos 30 anos da Adufrj-SSind, o sociólogo e professor da USP falou sobre alguns aspectos da crise financeira global.

Roberto Leher, 1º vice-presidente da Adufrj, durante a abertura do evento, ressaltou a importância de reunir integrantes de movimentos sociais e intelectuais engajados para discutir alternativas à crise que atravessa a universidade brasileira. “Precisamos, mais do que nunca, parar para pensar e, aí sim, retomar a luta por uma universidade pública e de qualidade”, pontuou Leher.

Para Francisco de Oliveira, apesar de crises serem inerentes ao modo de funcionamento do capitalismo, o atual momento apresenta particularidades que a distinguem das demais: além de ser a primeira grande crise da globalização, ela é gestada na periferia do sistema, e não no centro. “Os índices de crescimento de países como a China e a Índia anunciavam um colapso. A Ásia lançou mais de 600 milhões de pessoas no mercado de trabalho; havia um descompasso entre a oferta e a demanda. A crise vem, então, para ajustar o sistema financeiro à nova correlação de forças do sistema produtivo”, explica o sociólogo.

Segundo ele, o momento de instabilidade atinge também as universidades. A crise global evidenciou a pobreza teórica das instituições de Ensino Superior. Elas não foram capazes de produzir conhecimentos suficientes para reconhecer o sistema no qual estão inseridas. Segundo Francisco de Oliveira, a comunidade universitária deve reinventar e revigorar suas práticas teóricas para a crise ser compreendida. Oliveira evocou ainda o sociólogo alemão Max Weber para enfatizar que a universidade não deve ser um local de produção de especialistas cujo intuito principal seja o de trabalhar para o sistema, mas sim de formação de indivíduos que entendam e modifiquem o modo de produção capitalista.

Ao final da conferência, o docente ressaltou a importância de a universidade brasileira se abrir para as classes menos favorecidas da população. “A tarefa da universidade é pavimentar o caminho para que o conhecimento seja uma arma para a democratização, e não para a exclusão”, concluiu.

Moção de apoio aos hondurenhos

Durante a abertura do evento, os professores da Adufrj se comprometeram a propor uma moção de apoio ao povo hondurenho. No último domingo (28), o então presidente de Honduras, Manuel Zelaya, foi detido e enviado para a Costa Rica, depois de um golpe militar, o que configura, para os docentes, um atentado à democracia da região. A ideia da moção é mostrar que todos os espaços de luta da América Latina estão ao lado do povo de Honduras.

Programação 

O seminário “Universidade, crise e alternativas” vai até dia 2 de julho. Confira adiante a programação completa do evento:

1º de julho
9h às 12h30
Trabalho acadêmico: novas conformações introduzidas pelo “capitalismo acadêmico”
Palestrantes: Marcela Mollis (Universidade de Buenos Aires – Argentina)
Mirta Antonelli (Universidade Nacional de Córdoba – Argentina)
Ciro Correia (USP)
Jaime Ornellas (Universidade Autônoma de Puebla – México)

14h às 18h30
Movimentos sociais e alternativas antissistêmicas à crise
Palestrantes: Gilmar Mauro (MST)
Virgínia Fontes (UFF/Fiocruz)
Pablo Dávalos (Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador – Equador)

2 de julho
9h às 12h30
Educação e lutas sociais na América Latina
Palestrantes: Nestor Correa (Federação Nacional de Docentes e Investigadores Universitários – Argentina)
Tarcísio Motta de Carvalho (SEPE-RJ)
Zainab Zahra Ebrahimi Olivares (Movimento Pinguins – Chile)
Jose Ignácio Bravo Fuentes (Movimento Pinguins – Chile)
Marina Barbosa (UFF)

14 às 18h30
Por uma reforma radical na universidade
Palestrantes: Marcelo Badaró Mattos (UFF)
Ildo Sauer (USP)
Roberto Leher (UFRJ)