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Centro de Estudos promove palestra sobre desenvolvimento

 “O desenvolvimento – do recém-nascido ao adolescente” foi o tema da palestra ministrada por Heber de Souza Maia Filho, neuropediatra da Universidade Federal Fluminense (UFF), no dia 25 de junho, no Anfiteatro Nobre do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG/UFRJ). O evento fez parte do Ciclo de Palestras do Centro de Estudos Professor José Martinho da Rocha, do IPPMG.

Heber foi aluno da Faculdade de Medicina da UFRJ, fez residência no IPPMG, especialização em Neuropediatria pela UFRJ, mestrado em clínica médica e doutorado em psiquiatria, psicanálise e saúde mental também na universidade. No momento é professor-adjunto de pediatria do Departamento Materno-Infantil da UFF.

O palestrante buscou trazer uma abordagem mais reflexiva ao tema. “Nós como profissionais de saúde devemos entender o desenvolvimento infantil, para que possamos detectar problemas e saber como podemos intervir de alguma forma e permitir que a criança se desenvolva de forma saudável”, disse o médico.

Segundo ele, o desenvolvimento é uma área de difícil avaliação. “A gente tende a imaginar que todas as crianças são parecidas, ninguém decora as escalas de desenvolvimento, pois sabemos que variam de criança para criança. E a gente perde oportunidades de detectar questões que não necessariamente são patológicas, mas que precisam ser identificadas e a família orientada”, acredita.

A criança tem um desenvolvimento que pode ser estudado de forma ordenada, embora cada uma possa apresentá-lo de forma diferente. Para cada faceta do desenvolvimento há a mistura particular de fatores genéticos, da natureza e de meio ambiente. Diante de uma criança que não está se desenvolvendo adequadamente, temos que nos perguntar o porquê de não estar normal. Possíveis respostas são: o mundo social da criança, que pode estar colocando demandas inapropriadas a ela, a internalização ou aprendizado de formas inapropriadas de se relacionar com o mundo social e a presença de um problema neurobiológico que afete o comportamento. Além de poder haver ainda a interação dos fatores.

O neuropediatra ressalta que a maturação física é quase que puramente biológica, e que de forma geral a linguagem oral também. No entanto, outros aprendizados (como o de esportes) são condicionados pelo estímulo. “Se temos uma criança de um ano e meio que não anda (sabemos que o desenvolvimento motor é praticamente geneticamente determinado), temos que investigar causas orgânicas e dar estímulo motor. Porém, há crianças de oito anos (com exame neurológico normal) que não sabem amarrar sapato. Sabemos que esse aprendizado depende muito da estimulação; se a mãe faz, a criança não vai fazer. É preciso saber o que determina cada faceta do desenvolvimento para saber o que deve ser feito”, explica Heber.

Ele explicou ainda aspectos biológicos do desenvolvimento do sistema nervoso central no pré-natal e no pós-natal, falou acerca dos avanços no campo da neuroimagem e também da interação entre genética e ambiente, que influenciam o coeficiente de inteligência.