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Por que falar em fontes alternativas de energia?

 “Os cenários de mitigação indicam para 2030, um potencial de redução das emissões mundiais da ordem de 13% a 27% em comparação com os 68 bilhões de toneladas de CO2 projetados em uma conjuntura de referência, economicamente viável a um preço de carbono de 20 dólares por tonelada”, disse o professor Emilio Lebre La Rovere, do Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia), durante o Workshop Q-Tales realizado nessa quinta-feira (18/06).

Na palestra, Emilio La Rovere apresentou estatísticas e projeções para os próximos anos. “Para restringir o aumento da temperatura a uma faixa de 2ºC e 3ºC acima da que havia na época pré-industrial, é preciso que o problema seja solucionado nas próximas duas décadas, e o custo estimado para evitar mudanças climáticas mais graves é de 0,12% do PIB global até 2030 e até 2% do PIB mundial em 2050.”

O biocombustível, por exemplo, pode incrementar sua participação de 3% para 5% a 10% no setor de transportes em 2030. Nesse mesmo ano, as fontes renováveis de energia elétrica, que em 2005 configuraram 18% da oferta, podem atingir 30% a 35% da geração mundial, com preços de carbono de até 50 dólares por tonelada, segundo relatórios do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change).

Além da palestra, foi organizada uma mesa-redonda para discutir a real importância das fontes alternativas como complementares ao petróleo, e não como substitutas do combustível fóssil. Para os palestrantes, o Brasil encontra-se em posição diferenciada com relação aos biocombustíveis, proporcionada pelo desenvolvimento da tecnologia, extensão da área e condição ambiental favorável.

O professor Walter Suemitsu, decano do Centro de Tecnologia, ao tentar polemizar o debate, trouxe à discussão a relação entre o que está sendo feito hoje e o futuro: “Já ouvi várias vezes dizerem que o Brasil é um país do futuro. No entanto, esse futuro parece não chegar nunca.”

A questão levou os participantes a falarem sobre a necessidade de haver incentivo governamental e de uma política industrial tecnológica para dar condições de participar do cenário alternativo. De acordo com Emilio La Rovere, “é preciso ser seletivo e o esforço deve ser permanentemente atualizado”.

Ao final do evento, foram premiados os vencedores da 1ª edição do Concurso de Trabalhos em Fontes Alternativas de Energia (TALES): Energia Alternativa e Preservação Ambiental.