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Nebulosas planetárias: as “velhinhas” do espaço

 O projeto “Astronomia para poetas 2009”, que até 14 de julho receberá astrônomos toda terça-feira à noite na Casa da Ciência, teve continuidade no dia 16 de junho com a palestra “Nebulosas planetárias: como é belo envelhecer!”, apresentada por Denise Gonçalves, professora do Observatório do Valongo da UFRJ. A pesquisadora comparou as nebulosas planetárias com a velhice humana. Segundo ela, assim como a velhice pode ser pensada como um estágio de transmissão do conhecimento acumulado durante toda a vida, as nebulosas planetárias devem ser entendidas como velhas estrelas que compartilham sua matéria com o universo.

As nebulosas planetárias são estrelas do tipo solar em seu estágio final de vida. Nessa fase, que pode durar cerca de 10 mil anos, a estrela começa a “morrer” e libera suas camadas mais externas produzindo um halo ao seu redor. Esse halo, constituído por poeira e gás, é iluminado pela estrela formando uma nebulosidade, que pode ser observada em todas as zonas do espectro eletromagnético, desde rádio até raios X.

Depois de “descascar” por completo, a estrela deixa de ser uma nebulosa e se torna uma anã branca ou, segundo Denise, uma espécie de “cadáver estelar”. Todos os componentes liberados pela estrela antes de “morrer”, como hélio, nitrogênio e carbono, diluem-se no espaço e podem vir a constituir outros astros, como cometas, asteroides e planetas. “As nebulosas estelares, velhas de rara beleza, são o que sobra da estrela em fase terminal e, dos seus restos, pode surgir nova vida. Podemos pensar na velhice como uma gama de conhecimentos que não ficam perdidos, mas que servem às gerações futuras e a tudo que somos.”

As nebulosas foram observadas pela primeira vez em 1764 por Charles Messier. Receberam esse nome quando o astrônomo William Herschel as achou semelhantes aos planetas que possuem anéis, como Urano e Netuno. Denise contou que o conhecimento sobre as nebulosas planetárias ainda é pequeno. Sabe-se hoje, por exemplo, que o Sol vai se tornar uma nebulosa em aproximadamente 4,5 milhões de anos. “O nosso conhecimento sobre os detalhes dessas belas criaturas é ainda muito precário. Sabemos que 95% de todas as estrelas vão virar nebulosas planetárias, o que equivale dizer que nebulosas planetárias são o destino final da maioria das estrelas. Por isso é tão importante estudá-las”, defendeu a pesquisadora.

Na próxima terça, dia 23, o projeto “Astronomia para poetas” da Casa da Ciência receberá o pesquisador Hélio Rocha-Pinto para a palestra “Alquimia estelar”. A instituição fica na rua Lauro Muller, 3, Botafogo.