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América Latina e globalização em debate durante lançamento de livro

No atual contexto de globalização, cresce o debate em torno da política realizada na América Latina e seu papel na economia mundial. Para tratar dessa questão, o Laboratório de Estudos Marxistas (LEMA) do Instituto de Economia (IE) da UFRJ realizou no dia 5 de junho uma palestra sobre o livro “América Latina e os desafios da Globalização: ensaios dedicados a Ruy Mauro Marini”. Os professores Carlos Eduardo Martins e Marcelo Carcanholo explicam que o evento é uma oportunidade para divulgar os pensamentos de Ruy Marini, autor ainda pouco conhecido no Brasil. 

Reunindo artigos de diversos profissionais da área, o livro procura refletir sobre a dependência econômica dos países latino-americanos, a exploração do trabalho nessa região e a atuação imperialista. Tais questões já eram abordadas pelo intelectual há quarenta anos e continuam a ter repercussão no cenário atual. “A sua visão é de que o capitalismo se desenvolve de forma extremamente concentrada e baseada na exploração do trabalho, buscando a dominação de países vizinhos. Essa teoria vale para o que acontece hoje. Entendendo essa ideia, podemos repensar a nossa atuação”, explica Carlos Eduardo Martins. 

Ruy Mauro desenvolve seu pensamento baseado no conceito marxista de mais-valia (que significa, de forma geral, o lucro do empregador sobre a exploração do empregado). Para os organizadores do livro, há uma transformação hoje dessa mais-valia para a mais-valia extraordinária, que seria a aplicação desse lucro nos produtos de necessidade secundária, como os tecnológicos. A exploração para a produção dessas mercadorias é ainda maior e quem mais sofre são os países periféricos, que se submetem às regras das nações desenvolvidas para terem acesso a esses produtos.

Essas teorias servem de base, garantem os professores, para uma mudança no papel dos países da América Latina. “Se tivermos consciência do nosso papel e do que sofremos com esse lucro extraordinário que os países desenvolvidos visam, podemos mudar a nossa posição e pensar em estratégias para o nosso desenvolvimento”, comentam.