Para ajudar pessoas a largarem o tabagismo, o Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo (NETT) realiza nesta semana diversas atividades em virtude do Dia Mundial do Combate ao Fumo (31/5). Ontem, durante a exibição do longa-metragem canadense “Tobacco Conspiracy – os bastidores da indústria da morte”, o Dr. Alberto Araújo conduziu um descontraído bate-papo sobre os motivos que levam as pessoas a começarem a fumar.
Segundo ele, que tem mestrado e doutorado na área de Toxicologia desde 1998, os dependentes criam pretextos para fumar, pois a nicotina gera a sensação de relaxamento e prazer. “A satisfação é rápida porque a sensação de prazer leva apenas nove segundos para chegar ao cérebro”, disse o médico, durante o evento realizado no auditório do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ).
Fatores físicos, comportamentais e psicológicos estão envolvidos no desejo de fumar, tais como insegurança na adolescência, desejo de afirmação pessoal, timidez, depressão e isolamento. O médico citou exemplos como de mulheres que começaram a fumar ao associar o ato à imagem de sensualidade e beleza.
Embora seja responsável por 55 doenças diferentes, como derrame cerebral, câncer e úlcera gástrica, o hábito de fumar sempre esteve associado aos esportes radicais, à natureza e a outras imagens que remetem a uma vida saudável nas campanhas publicitárias, conforme lembrou Alberto Araújo.
O médico enfatizou que a dependência não se trata apenas da simples falta de vontade dos usuários em parar. “Cada pessoa tem um motivo para fumar e 40% delas têm dificuldades para parar por predisposição genética ao vício. É como o diabetes ou a hipertensão”, comparou ele, acrescentando: “Mesmo assim, é possível parar de fumar.”
Existem medicamentos que ajudam a diminuir os efeitos da falta de nicotina e aumentam a disposição do indivíduo para parar, além de orientação psicológica, destacou o Dr. Araújo, lembrando que podemos montar um mapa que aponta os sentimentos que levam uma pessoa a fumar. “É possível parar, mas para isso é preciso fazer uma tentativa”, disse o médico, que sugeriu a arte e a música como aliados.
Ao final da palestra Alberto Araújo fez um alerta: ”A memória fica para sempre no cérebro, necessitando de vigilância constante.” A plateia também pôde relatar as experiências pessoais com o cigarro e avaliar o grau de dependência antes de participar de um coffee-break.
Nesta sexta-feira (29/5), acontece o simpósio “Como abordar e diagnosticar tabagistas com transtornos mentais — da evidência à prática clínica”, no Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), com o apoio de profissionais da UFRJ.
O trabalho do NETT não se restringe apenas à ocasião. Quem desejar pode entrar em contato pelo telefone 2587-6252 ou pelo e-mail nett@hucff.ufrj.br. O endereço do núcleo é av. Prof. Rodolpho P. Rocco, 255, prédio do HUCFF, sala 3F89, Cidade Universitária.