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Debate destaca prevenção para reduzir violência doméstica

O Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ e o Comitê de Segurança da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj) realizaram no dia 22 de maio a “II Jornada sobre violência contra crianças e adolescentes: repercussões na escola”. O objetivo é ampliar a discussão no universo escolar sobre as causas e as consequências desse problema. O evento busca também ressaltar a importância do papel dos profissionais da educação na prevenção e abordagem da violência doméstica nesses grupos etários.

A primeira palestra da jornada – “A importância da parceria entre escola e família: construindo redes de proteção contra a violência familiar” – foi apresentada por Simone Assis, professora e pesquisadora do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli da Fundação Oswaldo Cruz (CLAVES-FIOCRUZ).

Segundo a pesquisadora, a violência é encarada como um fator inerente ao ser humano, justificada para exercer a autoridade. Em ambientes familiares, ela relata que os pais recorrem à agressão física para gerar respeito. Essa postura, no entanto, cria a sensação de medo nos filhos. Da mesma forma, as relações de poder na escola entre funcionários e alunos mostram uma “competição” de forças, não contribuindo para a solução do problema.

Família X Escola

A violência no ambiente doméstico ocorre entre membros da família através de atitudes, omissões ou ações de caráter físico, sexual, emocional ou verbal, causando danos não apenas nas vítimas, mas em toda a família. A violência na escola pode acontecer entre docentes e discentes ou entre os próprios alunos. As consequências incluem baixo rendimento escolar, problemas de auto-estima, desinteresse e até depressão, segundo Simone.

A pesquisadora destaca a importância da prevenção, principalmente no ambiente escolar. A escola, antes vista como lugar reservado e seguro, hoje representa ameaça por se apresentar mais perigosa e vulnerável. “Isso é um erro. O espaço escolar é um local de formação de indivíduos, que auxilia no processo de construção da cidadania. Portanto, o trabalho tem que ser eficaz para combater essa visão”, explica.

Problemas entre pais, filhos e escola costumam ter efeitos em longo prazo, garantem os especialistas. A escola, contribuindo para a cidadania, deve pensar em ações afirmativas que proporcionem lazer e educação e que possam mudar o quadro de violência. “Devem-se estimular relações de respeito, não de medo. As discussões na escola, a não-naturalização da violência e a motivação da participação familiar são algumas das principais medidas capazes de diminuir a situação de violência doméstica contra crianças e adolescentes”, conclui Simone.