A Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ realizou no dia 26 de maio uma palestra sobre jornalismo esportivo que teve como convidada Manoela Penna, diretora da Confederação Internacional de Judô. O evento aconteceu no Salão Moniz de Aragão e contou com a presença dos alunos da disciplina eletiva de Jornalismo Esportivo da ECO.
Manoela iniciou a palestra recuperando parte de sua trajetória. Ex-praticante de vôlei no Fluminense, ela trabalhou inicialmente no diário Lance!. Em 2002, abriu sua própria empresa de assessoria de imprensa na área de esportes, atuando principalmente nas confederações brasileiras de Judô, Taekwondo e Remo. Em 2007, Manoela gerenciou o atendimento à imprensa no Mundial de Judô, realizado no Rio de Janeiro. A jornalista esteve também nas Olimpíadas de Pequim, assessorando os jornalistas durante as competições de judô. Logo após os Jogos, foi convidada a assumir a área de comunicação da Confederação Internacional de Judô. Foi a primeira vez que um jornalista brasileiro ocupou o mais alto cargo de uma confederação esportiva mundial.
A palestrante se disse impressionada com a quantidade de meninas inscritas na disciplina de jornalismo esportivo. “Quando disseram que a maioria da turma era composta por mulheres, não acreditei, Achei que era um exagero. Fico muito feliz com essa mudança. Na minha época, esporte era coisa de homem”, salientou a diretora da Confederação Internacional de Judô.
Imparcialidade e mídia esportiva
Um dos pontos discutidos foi a construção das notícias no jornalismo esportivo. Segundo Manoela, lidar com esportes é lidar com paixão, criticando assim os valores de imparcialidade, que, segundo ela, tornariam qualquer assunto desse segmento desinteressante. “A cobertura de esportes exige uma pitada de coração”, afirmou.
– Você vai escrever para um leitor que é apaixonado pelo assunto. Ele é um especialista e vai reparar em todos os detalhes do seu texto. Por isso, você tem que saber muito sobre o que está falando. As pessoas são afetadas por essas coisas, não querem ler um texto sem opinião. Querem que você detalhe a atuação de tal jogador ou uma boa jogada na partida – completou a palestrante.
Tipos de mídia na cobertura de esportes
Manoela explicou também como funciona cada veículo da mídia na cobertura esportiva. Sobre a internet, comentou que o jornalismo online “acabou” com o jornalismo impresso devido a sua rapidez. O papel do jornalismo impresso, na era digital, é o de produzir matérias mais completas, que expliquem e detalhem melhor as notícias divulgadas na internet. Ainda sobre o assunto, afirmou que o Orkut, o Twitter e o Facebook foram ferramentas digitais muito importantes para a modernização do judô, aumentando o contato com os jovens e ampliando a divulgação de eventos e matérias.
Em relação à assessoria de imprensa, Manoela afirmou que é um campo de atuação do jornalismo que vem se expandindo muito. “Em um evento esportivo estão envolvidas muitas assessorias. Há a assessoria dos atletas, a assessoria do evento, a assessoria do Estado, a assessoria dos patrocinadores”, comentou.
No final do evento, foi reservado um espaço para o debate sobre a transformação do release (texto de divulgação para imprensa) em reportagem e as divergências entre mídia espontânea e mídia paga, dentre outros assuntos específicos da disciplina de esportes da ECO.