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Escola de enfermagem esclarece mitos sobre a Influenza A

Junto com as notícias do contágio de pessoas pela gripe suína, durante as últimas semanas surgiram inúmeros mitos sobre a transmissão do vírus. Para esclarecer o assunto, a Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) realizou uma palestra com o professor Malouri Curié Cabral, do Instituto de Microbiologia da UFRJ. O evento aconteceu no auditório Paulo Rodolpho Rocco, no dia 18 de maio.

Um dos mitos desvendados pelo professor é o de que qualquer pessoa pode ser contaminada pelo vírus. O professor começou a palestra explicando que, para que uma célula seja infectada por qualquer vírus, ela precisa ter alto Potencial Enzimático Celular (PEC). “Uma célula que tem um PEC mais amplo, quando infectada, tem mais chance de ser contaminada. Quanto maior o PEC, maior o repertório enzimático. Quanto maior o repertório enzimático, maior a eficiência da célula em produzir os componentes virais”, disse o palestrante.

Segundo Malouri, o diferencial da gripe é que não existe atualmente nenhuma célula que disponha do repertório enzimático necessário para construir o vírus. Porém, bactérias presentes nas mucosas de todos os seres humanos produzem enzimas que são usadas pelas células para produção de vírus. “Quando células das mucosas (local onde a infecção ocorre) cultivadas in vitro são infectadas com o vírus da Influenza, elas não propagam a doença. É necessário uma enzima exógena para que o vírus seja produzido completamente”, explicou o professor. No caso das mucosas humanas, essas enzimas são produzidas por bactérias presentes. Essas bactérias variam de pessoa para pessoa. Assim, nem todo mundo pode pegar qualquer gripe.

Outro mito desvendado pelo professor é o de que o vírus surgiu no México. Após explicar o mecanismo de infecção, o professor relacionou a gripe suína com a gripe espanhola, que ocasionou uma pandemia no início do século passado. “Tanto a gripe suína quanto a gripe espanhola são causadas pelo mesmo vírus, H1N1. Ela só é chamada de gripe suína, porque incidiu primeiro em porcos, apesar de poder ser transmitida de pessoa para pessoa”, comentou Malouri.

Na palestra, o professor Malouri comentou que a gripe espanhola foi um agente da seleção natural, deixando que somente as pessoas resistentes ao vírus H1N1 fossem infectadas. “Se a gente pensar que, na gripe de 1918, a população humana que ocupava o planeta na época era formada por indivíduos susceptíveis e indivíduos resistentes, chegamos à conclusão de que somente os resistentes conseguiram sobreviver”, afirmou o professor.

De acordo com gráficos da Organização Mundial de Saúde (OMS), mostrados pelo palestrante, foram constatados inúmeros casos de gripe causada pelo vírus H1N1 nos Estados Unidos durante os meses de janeiro e fevereiro de 2009, antes de ser divulgada a epidemia no México. Segundo Malouri, por ser passível de contaminar porcos, é provável que a transferência de uma empresa criadora de porcos localizada em território dos Estados Unidos para território mexicano tenha causado o surto da gripe no México, onde há muitas pessoas susceptíveis ao vírus.