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Distúrbio Específico da Linguagem é tema de curso no CCS

Distúrbio Específico de Linguagem (DEL) é uma desordem que acomete crianças.

Distúrbio Específico de Linguagem (DEL) é uma desordem que acomete crianças provocando um atraso no desenvolvimento da linguagem, mesmo não havendo quadro de deficiência mental, distúrbio emocional severo, lesão cerebral ou outra patologia que justifique a dificuldade.

Para discutir o tema aconteceu no auditório Hélio Fraga do Centro de Ciências da Saúde (CCS), durante os dias 15 e 16, o curso Distúrbios Específicos de Linguagem. Coordenado por Gladis dos Santos e Cláudia Drummond, professoras do curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina,  o curso foi ministrado pela professora Débora Maria Befi-Lopes, da Universidade de São Paulo (USP), e destinado a profissionais e estudantes de Fonoaudiologia.

A professora Débora iniciou o curso exaltando a importância de se estudar esse tipo de distúrbio, que segundo ela é de difícil etiologia (estudo da causa). “O mundo inteiro estuda Distúrbios de Linguagem. É a única patologia em que se pode estudar linguagem na sua forma pura. Teoricamente, no distúrbio específico não há nada que se possa dizer ser a causa da alteração na linguagem. E como a única alteração é a linguagem, você consegue estudar apenas esse elemento”, diz a especialista.

 Ela sublinha que tem que existir um desencadeante biológico para o distúrbio, porém ainda não se sabe qual é. “Estamos iniciando o processo de analisar as imagens do cérebro em seu funcionamento. Acredito que daqui a 30 ou 40 anos conseguiremos entender exatamente que mecanismos cerebrais alterados provocam um distúrbio especificamente linguístico”, analisa Débora.

De acordo com ela a denominação "distúrbio" representa a ausência de cura. “Chama-se distúrbio porque o paciente melhora se bem tratado, dependendo da gravidade do quadro e do tempo em que ele começou a ser estimulado. Mas a sequela ele carrega para sempre, será um indivíduo que terá dificuldade em entender piadas, fazer discursos e entender duplo sentido. No que se refere à nuance da língua, vai sempre existir uma dificuldade”, afirma Befi-Lopes.

— Os primeiros estudos começaram na década de 60, nos Estados Unidos, no então chamado Instituto da Criança Afásica. Eram crianças com significativos comprometimentos no processo de aquisição e desenvolvimento de linguagem sem qualquer fator desencadeante evidente. Com a evolução do conhecimento, observou-se que o termo afasia não era adequado para um quadro que não é adquirido, pois afasia é perda das habilidades de fala, logo ela não pode ser congênita — explica Débora.

Surgiram com o tempo classificações quanto à gravidade do distúrbio. São quatro graus de severidade, sendo o primeiro marcado pela pouca presença de sinais motores e boa compreensão; o segundo por sinais motores levíssimos e alterações de linguagem mais abrangentes. O grau três caracteriza-se pela presença de alguns sinais motores e compreensão preservada para situações contextualizadas e o quarto grau pelas alterações de linguagem bem nítidas e sinais motores presentes.

Débora falou ainda do processo de evolução do estudo da doença e do diagnóstico por critérios de exclusão e de inclusão (através de testes padronizados de avaliação do desenvolvimento linguístico).