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Hospital Universitário promove palestra sobre Influenza A

O Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou na noite de ontem (07) a confirmação laboratorial de quatro casos de gripe suína no Brasil. Um desses infectados encontra-se internado no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), listado como referência no tratamento da doença pelo Ministério da Saúde.

A epidemia, que teve início no México, já foi identificada em diversos países e se encontra em nível cinco de alerta em uma escala que vai até seis. Assim, o Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) do HUCFF realizou na última quarta-feira (06) a palestra “Epidemia de Gripe Influenza A (H1N1) – 2009” com o infectologista Alberto Chebabo, do Serviço de DIP, que explicou o surgimento e a evolução de pandemias.

O palestrante iniciou a apresentação abordando as regras de nomenclatura de novos vírus. “A nomenclatura do vírus influenza se dá de acordo com o tipo de influenza, o local do isolamento inicial, a designação da cepa e o nome de isolamento. Então, por exemplo, esse vírus, que foi um vírus A, foi isolado em 1934 em Porto Rico, assim a denominação dele é A/Porto Rico/8 (que é a cepa) /34”, explica o infectologista.

Ele prossegue relatando que as aves tanto domésticas quanto selvagens têm a capacidade de se infectar por todas as linhagens dos vírus e são as responsáveis por espalhá-lo, já que as aves selvagens migram no inverno, fazendo assim a transferência do vírus de um continente para o outro. Segundo Chebabo, as mutações nos vírus ocorrem, pois todo ano temos pequenas diferenciações das linhagens anteriores aparecendo. “Existe uma rede de vigilância mundial para definir quais são os vírus que estão circulando naquele período e que faz não só a vigilância em termos de epidemia e pandemia, mas também decide quais os vírus que vão ser utilizados para a produção de vacinas”, diz Alberto.

Existem dois tipos de mutação. A chamada derivação antigênica ocorre tanto no Influenza A quanto no B e cria sublinhagens de vírus, mas que ainda são relacionados com os vírus anteriores. Por serem semelhantes, existe uma imunidade parcial em relação às espécies anteriores. Por isso, nesses casos a resposta imunológica é muito mais rápida e eficaz e esses vírus não causam infecções graves na maioria das pessoas. A outra forma de mutação é o salto antigênico, que ocorre apenas no influenza A. Nesses casos são criados novos vírus, aos quais a população não tem imunidade nenhuma, e que por isso podem causar as pandemias, o risco de infecção grave é maior e a disseminação é mais rápida.

— Conforme as epidemias ocorrem e o vírus circula, aumenta o número de pessoas no mundo com uma resposta imunológica melhor a tal vírus. Esse é o período interpandêmico. À proporção que aumenta o número de indivíduos imunes na população, aumenta a chance do aparecimento de um novo vírus e de uma nova pandemia, e assim o ciclo recomeça — diz Chebabo.

Por isso, ele chama atenção para o fato de que, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que estamos próximos de nova pandemia, não se trata apenas especulação, significa que há mais de 20 anos (período em que os ciclos normalmente ocorrem) não acontece uma grande pandemia. A organização achou que isso ocorreria com o H5N1 da gripe aviária, mas o homem não se mostrou um bom hospedeiro para esse vírus.

De acordo com o infectologista, o período de incubação é de um a dois dias e o período de transmissão é de sete dias após o início dos sintomas através de gotículas ou contato direto. Ele falou ainda de pandemias passadas, da evolução da atual gripe e dos critérios estipulados pelo Ministério da Saúde para definição de casos suspeitos.