Professores debateram o papel social do físico em mesa-redonda realizada sexta (03/04), durante o encerramento da 1ª Semana de Física da UFRJ. 

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Debate sobre papel social do físico encerra evento

Professores debateram o papel social do físico em mesa-redonda realizada sexta (03/04), durante o encerramento da 1ª Semana de Física da UFRJ. 

Professores debateram o papel social do físico em mesa-redonda realizada sexta (03/04), durante o encerramento da 1ª Semana de Física da UFRJ.  Em clima de descontração, físicos discutiram o papel do profissional e da ciência na sociedade. O evento, ocorrido no Bloco A do Centro de Tecnologia, levou os estudantes a questionarem as mudanças no vestibular para o exame único. 

Após palestras e minicursos específicos oferecidos durante a semana, Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia); Nelson Velho de Castro Faria, diretor do Instituto de Física (IF/UFRJ); Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho e José Antônio Martins Simões, professores do IF, mostraram a importância do físico na transformação do meio em que estão inseridos.

Para acender a centelha do debate, foi exibido um trecho de documentário em que é retratado o pensamento do professor Milton Santos, geógrafo de destaque na crítica à globalização e às injustiças dela decorrentes.

O debate apresentou alguns dos grandes avanços da ciência, como a introdução do método científico por Galileu, responsável por trazer o questionamento do mundo. “O método faz com que não aceitemos uma informação sem que ela passe pelo crivo da análise. Ao compararmos a primeira e a segunda metades do século XX, percebemos que a sociedade foi transformada de forma estonteante. As novas descobertas se sucedem. O físico e o pesquisador de várias áreas precisam ser chamados a opinar sobre as questões do mundo”, afirmou Carlos Aragão.

Segundo José Simões, uma das consequências mais importantes do método científico de Galileu foi a afirmação de que qualquer pessoa com algum treino é capaz de melhorar seu conhecimento. “Somos todos iguais em aptidões. Qualquer um é capaz de aprender. Esse foi o grande ímpeto da ciência e hoje eu não vejo isso. A autoridade sobre o conhecimento voltou a ser um problema sério. O papel da Instituição pública no sentido de ensinar algo que é direito de todos continua sendo uma questão central porque o que move o mundo é o conhecimento”, declarou.

Para Luiz Pinguelli, a ciência amplia o conhecimento e muda a perspectiva das pessoas com relação ao mundo. “Os problemas ambientais têm envolvido alguns físicos pela sua formação. Somos constantemente chamados a participar de debates como este. Nosso país tem uma cultura científica muito restrita. É preciso que o conhecimento seja mais difundido”, disse.

Outro aspecto levantado durante o evento foi o aumento da participação de cientistas em cargos públicos e a mobilização estudantil, hoje adormecida, na opinião do diretor do Instituto de Física. Sérgio Resende, físico e ministro de Ciência e Tecnologia no Brasil, foi um dos exemplos citados.

– A ciência no Brasil começou tarde. Este é um país de pouca tradição, então é importante que esses profissionais ocupem cargos que lhes permitam participar mais ativamente. A política de transportes, saúde e educação no Brasil é muito complicada e eu não vejo vocês reagirem” – lamentou Nelson Faria ao se dirigir aos estudantes.

Ao final do evento, os alunos trouxeram para o debate a discussão em torno da mudança do vestibular para a realização do exame único. Os professores concordaram que algo deve ser feito, mas não chegaram a uma conclusão se essa é mesmo a melhor solução.