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Memória

Hospital Universitário comemora 31 anos

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) comemorou 31 anos na última quarta-feira (8/4). Para celebrar houve palestras e o lançamento do livro Evocações, do professor emérito da UFRJ Clementino Fraga Filho, que teve trechos lidos na solenidade de abertura do evento.

Segundo o professor Alexandre Pinto Cardoso, diretor do HUCFF, muitos perguntavam por que comemorar o aniversário do hospital depois de um ano de tantas dificuldades. Para ele, as dificuldades e a crença de que elas serão superadas são os motivos para a comemoração.

O reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, destacou que diversas mudanças estão ocorrendo na UFRJ e motivam a visão otimista. “Esse é um momento em que estamos modificando estruturas e práticas conservadas nos últimos anos. Quando nos reunirmos para comemorar o 32º aniversário do hospital, provavelmente a ala sul deste prédio não existirá mais. Certamente, a Faculdade de Medicina e outras unidades do Centro de Ciências da Saúde já terão começado os cursos de graduação no campus de Macaé", disse.

Laboratório nacional de células-tronco embrionárias

Após a abertura do evento, o professor Stevens Rehen apresentou resultados do laboratório de células-tronco do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) onde trabalha. Graças aos resultados, o instituto recebeu do BNDES um financiamento que permite a criação de um Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (LaNCE). Hoje apenas São Paulo tem uma unidade do laboratório.

O desenvolvimento de novas técnicas de cultivos de células destaca-se entre os resultados alcançados. “Na utilização de células, no desenvolvimento de novos fármacos e na terapia celular são necessárias muitas células. Por isso é necessário o desenvolvimento de técnicas de cultivo mais baratas”, informou o professor sobre o trabalho, que visa a atender a essas demandas.

Segundo Rehen, o laboratório desenvolveu uma técnica de cultivo de células dentro de biorreatores conhecidos como spinners. “Como essas células não se desenvolvem caso não estejam aderidas a algum substrato, nós criamos microcarregadores, para que elas se reproduzam sem perder capacidade de gerar qualquer tecido”, revelou. Para o professor Steve Rehen, esse novo método é mais eficiente e mais barato. “Essa técnica gera cerca de 120 mil células por 1 real”, afirmou.

Lançamento do livro Evocações

De acordo com o doutor Paulo Rzezinski, presidente da Editora Ateneu, responsável pela publicação do livro Evocações, há certos momentos que nos dão o caráter da eternidade, apesar do tempo mínimo que o procede. “Estamos num desses momentos, que eternizam a história da nossa universidade, e principalmente do nosso hospital”, discursou no lançamento do livro.

O livro de Clementino Fraga Filho conta a trajetória do professor na Faculdade de Medicina e no Hospital Universitário, mas, segundo o diretor do HUCFF, a obra é mais abrangente ao abordar problemas antigos, que ainda são atuais. “Registro problemas que constituem uma verdadeira patologia do ensino médico”, declarou o autor.

Segundo o professor Clementino Fraga Filho, o livro é uma maneira de se mostrar ainda ligado ao hospital e à faculdade. “O texto não é autobiográfico, nem tem a leveza da crônica, é de natureza doutrinária. Tem caráter documental, pretende servir à preservação da memória da reitoria da universidade, da faculdade, do hospital e do ensino médico”, disse o professor, dedicando a obra a todos que colaboraram com a implantação do hospital e aos clientes que permitiram a ele o exercício da medicina.

O professor fez um breve balanço da carreira. “Deixei a universidade, mantive a clínica. Conservo as reminiscências, lembranças, evocações, matéria-prima deste livro. Pertenci a uma só faculdade, cultivei na plenitude o compromisso institucional. Assisti ao crescimento das questões morais, decorrentes dos avanços da técnica e da ciência, à especialização excessiva, ao desapreço do exame físico, ao enfraquecimento da relação médico/paciente. Creio ter feito o que devia; à mercê de Deus recebi um prêmio maior do que devia. Obrigado”, concluiu Clementino Fraga Filho.