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Memória

Engenharia Naval completa 50 anos

O Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica (Poli/UFRJ) realizará um resgate histórico durante as comemorações pelos 50 anos do curso.

O Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica (Poli/UFRJ) realizará um resgate histórico durante as comemorações pelos 50 anos do curso. Para isso, além de pesquisas documentais, serão feitas entrevistas com professores e alunos das primeiras turmas. “Queremos montar um panorama do que era a Engenharia Naval que nos mostre como éramos e como evoluímos”, afirmou o professor Claudio L. Baraúna Vieira, presidente da comissão organizadora do jubileu do curso naval.

Durante o ano, serão organizadas palestras e conferências, além da criação de um banco de dados com os nomes de todos os engenheiros navais formados pela UFRJ. As informações ficarão disponíveis na internet para intercâmbio dos profissionais e uma parte integrará uma separata ao livro Alumni, que contém os nomes de todos os engenheiros navais formados pela Escola nas respectivas turmas. A ideia é fazer a atualização anualmente.
 
Em 10 de dezembro de 1959, o curso surgiu com a denominação Engenharia Naval Mecânica. Mas o aparecimento de necessidades específicas levou à troca do nome para Engenharia Naval. Para Claudio Baraúna, durante algum tempo, o curso de Engenharia Naval na UFRJ destacou-se por ser um dos dois únicos do país.

Os alunos das primeiras turmas eram engenheiros formados em diversas áreas que trabalhavam nos estaleiros de construção naval da época. A necessidade de aperfeiçoamento profissional os levou à procura pelo curso de Engenharia Naval, no qual se graduavam em cerca de três anos após cursarem disciplinas complementares.

A tendência mundial de incorporar novas áreas de atuação, como a exploração de recursos marinhos, forçou uma nova mudança na denominação do curso. Desta vez para Engenharia Naval e Oceânica, o que justificava mais uma habilitação que ia além do projeto e construção de navios.

Outras mudanças, porém, ocorreram nesse meio século de existência. Acompanhando as tendências do mercado, o número de alunos variou no período. Após a crise vivida na década de 70, a procura vem se elevando gradativamente a cada ano. “A seleção dos alunos hoje é feita com muito rigor e o curso está bastante modernizado. Há alguns anos, inauguramos um tanque de provas (LabOceano) usado para experimentação de modelos de navios e plataformas que é um dos maiores do mundo”, afirmou o professor.

Papel na reconstrução naval

A primeira palestra dentro da proposta de resgatar a história da Engenharia Naval aconteceu no último dia 19 de março, quando Sérgio Machado, presidente da Transpetro, procurou correlacionar o desenvolvimento da Petrobras com o renascimento da construção naval no Brasil, ao abordar o tema “A Renovação da Frota e o Ressurgimento da Indústria Naval no Brasil”.

O desenvolvimento da exploração de petróleo no Brasil pela Petrobras contribuiu para o aumento da capacitação na construção de navios, embarcações e plataformas. O setor naval apresentou surto de desenvolvimento e atualmente se encontra aquecido. Exemplo disso é a construção do novo estaleiro “Atlântico Sul”, no Recife, utilizando tecnologia de ponta.

— Em um passado não tão distante, havia certo número de países construtores navais. O Brasil fazia parte desse grupo com alguns estaleiros concentrados no Rio de Janeiro. No entanto, a mudança da situação política e a perda do desenvolvimento tecnológico encareceram a construção naval. Ficamos defasados tecnologicamente e nossos estaleiros sem ter o que construir. Foi com a Petrobras e o crescimento da nossa produção industrial que começamos a construir de novo nossa capacidade de transporte marítimo — disse o professor.

O Departamento de Engenharia Naval e Oceânica atuou na modernização dos antigos estaleiros do Rio de Janeiro. Além disso, foi pioneiro no trabalho com a Petrobras em projetos de plataforma de petróleo e qualificou o quadro de engenheiros de diversas empresas atuantes no Brasil. “Temos muito orgulho de termos sido os atores principais no desenvolvimento de toda a construção naval e engenharia de plataforma. Trabalhamos em conjunto com a Petrobras em várias das suas conquistas, como, por exemplo, a prospecção em águas profundas”, declarou Claudio Baraúna.

As mudanças durante as cinco décadas foram radicais e rápidas. Se, inicialmente, o curso oferecia disciplinas específicas de navios que eram projetados de forma tradicional, com o passar dos anos e o surgimento dos desafios tecnológicos, a tradição cedeu lugar à produção cada vez mais exigente, com construções cada vez mais rápidas e baratas.

Mais de 90% da exportação e importação do Brasil acontecem por via marítima. “O país é muito grande e precisa ter autossuficiência em algumas coisas, como exploração de petróleo e construção de grandes produtos industriais. Para isso, é preciso estar na ponta dessa capacitação tecnológica, e devemos muito ao pioneirismo de algumas pessoas que há 50 anos entenderam isso e apostaram em um curso que deu certo e hoje é um sucesso”, concluiu o professor Claudio Baraúna.