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IFCS decide continuar no Centro do Rio

Por dezesseis votos a oito, a Congregação do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (IFCS/UFRJ) decidiu que permanecerá no Largo de São Francisco, Centro do Rio. A votação aconteceu, no final da tarde desta terça-feira (24/3), após duas horas de debates entre os departamentos e as representações discentes e dos servidores técnico-administrativos. Antes do pleito, o reitor Aloísio Teixeira esteve na unidade e, após explicar os conceitos do Plano Diretor (PD) UFRJ 2020, retirou-se para deixar os membros da congregação à vontade para deliberarem internamente.

“Ninguém será forçado a estar em um lugar que não deseja”, frisou o reitor, esclarecendo que o PD não se trata de um plano de obras ou de um empreendimento imobiliário. “Estamos discutindo a universidade dentro de um horizonte de dez anos. Atualmente, temos uma precária estrutura administrativa e uma instituição incapaz de responder aos desafios contemporâneos”, criticou o reitor, pontuando a necessidade de se integrar as áreas de conhecimento e atender a demanda social pelo acesso ao Ensino Superior no Brasil. “Ainda é pouco os 35 mil alunos de Graduação e os oito mil de Pós da UFRJ. Precisamos fazer muito mais para mudar uma realidade em que apenas 13% dos jovens, entre 18 e 24 anos, encontram-se dentro de uma universidade, enquanto há países na América do Sul que registram índices de 32%”.

O reitor Aloísio ainda enfatizou que o PD não abrirá mão de conquistas históricas da UFRJ como o seu caráter público e democrático. “Somos a casa da liberdade de expressão e esta Congregação é soberana para decidir. Uma possível transferência à Ilha da Cidade Universitária pode ocorrer do jeito que vocês quiserem. Não se trata apenas de sim ou não, o importante é que vocês apontem a necessidade deste instituto dentro de um processo de expansão”, ponderou o reitor, pedindo que se evitasse a “ideologização” do debate acerca de propostas como a reordenação espacial dos órgãos administrativos e acadêmicos. “Precisamos avançar dentro de um ambiente de paciência e tolerância. O futuro é incerto, ainda mais diante de um cenário de crise, mas somente há uma maneira deste plano dar certo é brigarmos juntos”.

Após discursar por uma hora, o reitor Aloísio deixou a Congregação. Na pauta do colegiado, a mudança do IFCS para a Ilha da Cidade Universitária que acabou rechaçada pelos departamentos de Antropologia, Sociologia, Filosofia e ainda pelas representações discentes e dos servidores. Favoráveis à transferência, a História, maior departamento do IFCS, e os estudantes da Pós-graduação de Lógica e Metafísica. Já o Departamento de Ciência Política absteve-se na votação.  

“O processo não se esgota aqui, a nossa próxima reunião debaterá sobre a reocupação deste espaço”, explicou a diretora do IFCS, Jessie Jane, lembrando que será redigido um documento a ser entregue a Reitoria justificando a posição majoritária da Congregação.

Apesar da maioria da Congregação reconhecer o mérito e a ousadia do PD, os argumentos contrários a uma eventual transferência a Ilha da Cidade Universitária amontoaram-se ao longo do pleito. O Centro Acadêmico de História chegou a acusar o PD de ser a “operacionalização do Reuni do governo Federal”. Já a Sociologia alegou que o IFCS detém relações externas ao seu entorno que ficariam prejudicadas com uma eventual mudança e que as melhores condições de acesso ao Centro propiciam que muitos alunos optem pelo programa de Pós-graduação do curso, em vez, por exemplo, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro.