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UFRJ discute a relação entre genética, ambiente e psiquismo

“Genética,ambiente e psiquismo”. Esse foi o tema da palestra apresentada nessa última sexta-feira (20/03), em mais uma Sessão de Estudos oferecida Instituto de Psiquiatria da UFRJ. A palestra foi iniciada com uma breve apresentação feita por Elie Cheniaux, médico e pesquisador do instituto, que logo passou a palavra para Marcos Gebara, psiquiatra e diretor técnico do Núcleo Integrado de Psiquiatria do Rio de Janeiro (NIP-RJ).

O palestrante iniciou sua fala afirmando que a genética é o tema da moda nesses últimos anos, devido a experiências como a clonagem. Disse ainda que esse “modismo” fez com que ele se interessasse pelo assunto e tentasse buscar uma relação entre a genética, o psiquismo e o ambiente.

Patrimônio genético e influências ambientais

O psiquiatra explicou que os seres humanos passam pelas mesmas etapas para desenvolver o lado psíquico. Porém, no final desse processo, cada um se apresenta de forma diferente, mostrando um colorido singular e único.

− A combinação genética e o ambiente determinam a formação de cada ser humano. Como exemplo, a esquizofrenia. Um por cento das pessoas no mundo são esquizofrênicas. Quando observamos essa porcentagem nos gêmeos bivitelinos, ela sobe para 40% e, nos univitelinos, aumenta para 70%. Essa porcentagem, mesmo sendo alta, está longe de chegar aos 100%. Portanto, é fácil perceber que a genética não determina tudo sozinha − relatou.

Sistema nervoso e formação do ego

Marcos Gebara falou também sobre as atividades neuronais , explicando como elas influenciam o “modo de ser” de cada um. “A seleção dos neurônios faz com que o sistema nervoso funcione adequadamente. A atividade neuronal é um mecanismo biológico que ajuda na formação da consciência, do ego”, afirma o palestrante.

Segundo ele, o início da vida psíquica é coletivo e implícito. O acervo genético dos seres humanos é o fio diretor para essa formação psíquica. Há um padrão que é comum a toda espécie humana, o que esclarece o conceito de inconsciente coletivo.

O psiquiatra define que corpo, psiquismo, social e ambiente são os quatro pilares essenciais para a formação da consciência e para a alimentação do ego. Os seres humanos precisam incorporar os símbolos do ambiente à consciência. “Essa é a definição que Freud dá para inconsciente pessoal.” O que não é bem assimilado pelo ego gera problemas psicopatológicos.

− Quando a consciência é sobrecarregada, não assimila certos símbolos, que ficam envoltos por um sistema de defesa. Porém, esses símbolos tentam se expressar o tempo todo e precisam ser tratados. O que é expresso é a defesa que envolve esse símbolo, e não ele próprio. Afinal, a defesa é a parte coletiva − salientou o especialista.

− O ego é como um exército que precisa vencer inimigos.Se o inimigo for muito poderoso, ele precisa recuar e se preparar. As defesas protegem esse ego de símbolos desestruturantes e da fragmentação. É um mecanismo de sobrevivência − afirma Gebara.

Soluções

Como solução para os problemas psicopatológicos, Marcos disse que a combinação da farmacoterapia com a psicoterapia é sempre mais eficaz, pois propicia maior neuroplasticidade. “Com os remédios, as doenças podem ser controladas, e a psicoterapia pode reformular velhas memórias inconscientes”.

No final da palestra, foi apresentado um pequeno filme que tinha como assunto a “introdução neurobiológica” e abordava os temas desenvolvidos na Sessão de Estudos. Quem se interessar pelo assunto, pode consultar o blog de Marcos Gebara no endereço virtual: www.marcosgebara.blogspot.com