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A primeira reunião do grupo de trabalho que debaterá os Planos de Ocupação e Uso das Unidades Isoladas (POUUI) aconteceu no último dia 10. Aprovado pela Resolução 14/2008 do Conselho Universitário, o GT é composto por representantes da Administração Central e das unidades localizadas fora do campus da Cidade Universitária e da Praia Vermelha, como Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), Faculdade de Direito, Museu Nacional, Observatório do Valongo, entre outras. Os membros formularão até o dia 9 de março uma proposta para apresentação no Conselho Universitário (Consuni) do dia 26, quando será posto em deliberação um documento preliminar incluindo as três etapas do Plano Diretor UFRJ 2020: Plano de Desenvolvimento da Cidade Universitária, Plano de Ocupação e Uso da Praia Vermelha e Plano de Ocupação e Uso das Unidades Isoladas.
Considerado um dos casos mais complexos, a transferência das atividades acadêmicas do IFCS para a Cidade Universitária deve ser tratada à parte. Segundo a diretora da unidade, Jesse Jane, "a resistência entre os professores é grande". Para ela, "há docentes que consideram o prédio uma conquista de sua geração e tirar as atividades do IFCS de lá é como tirar deles uma parte da história". Outro problema, de acordo com Jane, é "a descrença de que as unidades sejam adequadamente instaladas na futura Cidade Universitária", avaliou.
A proposta do Comitê Técnico do Plano Diretor é acomodar as atividades acadêmicas do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) – no qual está incluído o IFCS – e o Centro de Letras e Artes (CLA) em um Centro de Convergência com instalações como salas de aula, residências universitárias, restaurante, comércio, serviços, auditórios e espaços para cultura, esporte e lazer. O projeto em desenvolvimento está orçado em R$ 40 milhões e, uma vez aprovado, tem o ano de 2012 como meta para sua conclusão.
Carlos Vainer, coordenador do POUUI, lembrou que cabe ao grupo de trabalho elaborar propostas que se adequem às vocações de cada edificação. "Os investimentos de manutenção, em alguns casos, são estapafúrdios se comparados à produção acadêmica de algumas unidades", disse, citando como exemplo o Hospital Escola São Francisco de Assis (HESFA). Sobre o IFCS, Vainer defendeu a transferência destacando o conhecimento interdisciplinar a ser incorporado pelas demais unidades. "O ganho que as outras áreas do conhecimento terão com a vinda do IFCS é incomensurável", analisou.
Outra unidade que discute internamente o seu futuro é a Faculdade de Direito (FD). A diretora Juliana Magalhães defende a permanência de algumas atividades acadêmicas no prédio situado à Rua Moncorvo Filho, no Centro. "Principalmente as disciplinas dos dois últimos anos devem ficar, pois elas devem ser cursadas no escritório modelo, que é voltado à Extensão. Minha sugestão é a melhoria do espaço destinado a este escritório e o desenvolvimento de atividades em parceria com o Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania (NIAC)", defende. Ainda segundo a docente, deverá ser convocada, na semana que vem, uma assembléia com a comunidade da FD, para a elaboração de um documento a ser apresentado ao grupo de trabalho.
Também estiveram na reunião representantes do Museu Nacional (MN), unidade que terá suas atividades mantidas em seu local atual. Wagner Martins, diretor adjunto do MN, explica que foi elaborado, em 1995, um plano diretor que prevê a construção de cinco novos prédios para o museu, nas proximidades do Horto Botânico, na Quinta da Boa Vista. Destes, os prédios destinados à biblioteca e ao estudo dos animais vertebrados já estão em funcionamento; a edificação que abrigará o Departamento de Botânica já está em fase de mudança; enquanto que as instalações da Entomologia e dos Invertebrados estão em fase de captação de recursos, bem como o prédio que abrigará os departamentos de Antropologia, Geologia e Paleontologia. "Nossa necessidade de expansão já está sendo sanada. Mas estamos dispostos a ajudar no que for preciso na integração da universidade com a cidade. Sabemos que há um subcomitê que pretende criar um pólo de museus na Cidade Universitária e não teríamos nenhuma dificuldade em montar um espaço do Museu Nacional dentro deste pólo, com exposições permanentes ou temporárias", afirmou.
Já para o professor Hélio Jacques Rocha Pinto, representante do Observatório do Valongo (OV), a transferência da unidade para a Cidade Universitária é inviável. Para ele, "transportar os telescópios e os demais equipamentos existentes ali acarretaria em um investimento muito maior do que mantê-los operando ali", disse. "Além disso", continua, "estamos situados no alto de uma ladeira e é difícil pensar em alguma outra atividade naquele local", avaliou. Segundo o pesquisador, a demanda da unidade é de um novo auditório para salas de aula. "Nossa maior sala tem capacidade para 30 alunos", lembrou. "Em contrapartida", acrescentou, "poderemos oferecer atividades de extensão à comunidade, como aulas de Astronomia para estudantes de escolas públicas, por exemplo".