No próximo mês de março, o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), da UFRJ, inaugura sua Central de Acolhimento, um espaço que oferecerá mais conforto e comodidade aos pacientes desde o momento em que chegam ao hospital. Com o apoio financeiro de Furnas Centrais Elétricas, a área de recepção, antes conhecida como triagem, passou por uma série de reformas visando o bem-estar dos usuários. As obras representam um passo fundamental para melhorar a qualidade dos serviços oferecidos pela instituição, que realiza a média mensal de 2400 consultas pediátricas e 4400 consultas em subespecialidades.
— Realizamos obras com o objetivo de tornar essa área mais confortável e adequada para a chegada dos pacientes no hospital. Queremos mudar a lógica de recepção dos pacientes, de um modelo de triagem, que traz uma idéia de seleção e exclusão, para a de uma porta de entrada e acesso, com acolhimento e escuta qualificada para os usuários — explica a doutora Sonia Motta, coordenadora do Núcleo de Humanização do IPPMG.
Humanização do sistema de saúde brasileiro
Em 2003, o Ministério da Saúde (MS) instituiu a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do Sistema Único de Saúde (HumanizaSUS) com o objetivo de modificar o modelo de atenção dado aos pacientes pelas instituições de saúde públicas. De acordo com Sonia, desde então o IPPMG tem buscado atender essas recomendações de forma a assegurar um atendimento mais amplo e qualificado. Para isso, uma das estratégias fundamentais, conforme propõe o Ministério, é a implantação de Centrais de Acolhimento, que devem funcionar como portas de entrada garantindo um ambiente acolhedor para os pacientes e seus acompanhantes.
— De acordo com a Política Nacional de Humanização, é necessário modificar a maneira como o Sistema Único de Saúde (SUS) cuida das pessoas para atender melhor suas necessidades. As reformas tiveram como base, portanto, essa mudança de lógica. Antes, o critério de atendimento predominante era, basicamente, a ordem de chegada, que levava em consideração muito mais as possibilidades do hospital do que as necessidades reais da população — destaca Sonia.
Segundo a coordenadora, as mudanças propostas pelo HumanizaSUS, na prática, têm como propósitos principais reduzir as filas e o tempo de espera nos hospitais, melhorar as portas de entrada ampliando o acesso e determinar uma avaliação baseada em critérios de risco. Além disso, a política do Ministério da Saúde foi definida de modo a assegurar os direitos dos pacientes, valorizar os funcionários da instituição e estabelecer a co-responsabilidade entre todos os setores envolvidos na promoção de saúde.
— A Política Nacional de Humanização apresenta muitas outras questões. Uma delas, por exemplo, aponta para a necessidade de se oferecer condições de trabalho adequadas para os próprios funcionários do hospital. Além disso, prevê uma gestão participativa, isto é, um trabalho integrado entre todos os atores envolvidos, desde o administrativo até o médico. Devemos caminhar juntos para alcançar uma participação maior de todos nessa discussão — acredita Sonia.