O comitê de Comunicação Suplementar e Alternativa do Departamento de Linguagem da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) e o Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFRJ realizam hoje, dia 8 de dezembro, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, o encontro Conversando sobre Comunicação Alternativa: da teoria à prática que se estende até as 13h. O evento teve como primeira palestra “O que é Comunicação Alternativa” por Débora Deliberato, fonoaudióloga, professora do Departamento de Educação Especial e pesquisadora do grupo Deficiências Físicas e Sensoriais da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP).
A breve palestra constituiu um panorama das diversas questões ligadas à aplicação e métodos da comunicação suplementar e alternativa, área da prática clínica que procura compreender os padrões de incapacidade de comunicação oral e escrita por pessoas com distúrbios de desenvolvimento, problemas neuro-motores, deficiência intelectual e outros. A comunicação alternativa visa facilitar a participação desses indivíduos em múltiplos contextos comunicativos a partir de diferentes formas de comunicação que não a fala.
— A comunicação é muito mais que a fala. O indivíduo pode usar mais formas de expressão, como a facial e postura corporal — disse Débora Deliberato. A área da comunicação alternativa tem possibilitado que crianças, jovens e adultos possam estabelecer um interação social através de programas como os desenvolvidos pela pesquisadora no Centro de Estudos da Educação e da Saúde (CEES) da Unesp. Neles, fonoaudiólogos em conjunto com outros profissionais da saúde, como fisioterapeutas e psicólogos, desenvolvem materiais especiais para a educação de crianças e jovens deficientes sem a fala.
Professores em conjunto com familiares e com o fonoaudiólogo criam e aperfeiçoam diferentes modelos de comunicação que podem ser via imagem com desenhos ou via tátil com réplicas de objetos do cotidiano. São realizadas oficinas nas quais crianças com deficiências se reúnem com crianças sem deficiências para contar e recontar histórias usando objetos e figuras ao invés da fala.
Cada paciente têm o seu material de aprendizado e comunicação único, criado de acordo com as suas necessidades. Para a implementação desses materiais, que podem ser pastas com figuras de papel usadas para representar tudo o que paciente desejar comunicar, existem alguns padrões de símbolos e figuras, já estabelecidos na área, que podem ser usados pelo fonoaudiólogo. “O profissional tem que ver qual é o melhor sistema para o indivíduo, a avaliação em equipe com outras áreas é fundamental para isso” completou Débora.
A pesquisadora ressaltou a importância da atuação da família dos deficientes em todo o processo de aprendizagem, pois os entes mais próximos podem melhor detectar as necessidades comunicativas do paciente para então ajudar na confecção dos materiais alternativos usados. Outra observação feita por Débora foi de que quanto mais cedo a comunicação alternativa for utilizada com pessoas que sofrem de deficiências da fala, mais eficaz será o resultado e mais eficiente a inclusão escolar e social. “Usar a comunicação alternativa não significa inibir a fala, ao contrário, pois trabalha com a linguagem. Se o paciente tiver a capacidade de usara a fala essa habilidade vai ser explorada” conclui Débora.