A Congregação da Faculdade de Medicina da UFRJ se reuniu, na última quarta-feira, em Sessão Solene para comemorar os 200 anos da Faculdade. Depois de ser celebrado em diversos momentos durante todo o ano de 2008, o bicentenário é, enfim, alcançado, já que o dia 5 de novembro corresponde à data exata da criação da Escola de Anatomia, Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, em 1808 – ano da chegada da família real à então colônia brasileira.
O auditório Rodolpho Paulo Rocco, conhecido por comportar 500 pessoas sentadas (o que explica o apelido “Quinhentão”) ficou pequeno diante dos mais de 600 convidados que compareceram à festa. A platéia, que incluía professores, alunos e funcionários, pôde assistir, antes do início da solenidade, à apresentação de Cristina Braga, 1ª Harpista da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Cristina tocou e cantou, acompanhada dos músicos Ricardo Medeiros, no contrabaixo, e Jorge Moraes, na percussão. O repertório passava por Villa Lobos, chegando até Tom Jobim e Geraldo Vandré.
A mesa de honra foi composta pelos principais nomes da Faculdade de Medicina e do Centro de Ciências da Saúde (CCS), além de Aloísio Teixeira, reitor da UFRJ, acompanhada pela vice-reitora Sylvia Vargas. Estavam presentes Almir Valladares, decano do CCS, Antônio Ledo, diretor da FM e todos os pró-reitores da UFRJ. Além deles, destacaram-se na mesa, José Tavares Carneiro Neto, diretor da também bicentenária Faculdade de Medicina da Bahia, e Clementino Fraga Filho, professor emérito, que dá nome ao Hospital Universitário. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, também foi convidado, mas não pôde comparecer devido a sua agenda. Lula, no entanto, enviou um fax parabenizando a Universidade pela trajetória marcante da Faculdade.
A visão da reitoria
Aloísio Teixeira vê com satisfação a história percorrida pela Faculdade de Medicina, em que a Instituição se consolidou como referência na área de saúde. “A Faculdade de Medicina da UFRJ é reconhecidamente uma das melhores do país, se não for a melhor. É com absoluta justiça que a gente pode dizer isso, até porque várias dessas conquistas foram frutos do aprendizado com os nossos erros”, declarou o professor.
Para o reitor, a Universidade vive um momento único em sua história e esse é mais um motivo para comemorar junto aos colegas da Medicina. “Pela primeira vez estamos envolvidos em uma discussão sobre como a Universidade pode e deve se transformar para atender de forma crescente a demanda de uma sociedade que requer conhecimento, formação de um superior, atualização e adequação às exigências do mundo moderno”, disse.
O professor destacou assuntos de primeira importância para a comunidade médica da UFRJ, como os recursos para a área de saúde. Ele reafirmou seu compromisso como dirigente principal da Instituição no sentido de garantir recursos para a área de saúde. “Nós temos que enfrentar esse problema e trazer novamente para os nossos hospitais a segurança e a tranqüilidade de que terão condições de ação condizente com a importância e a responsabilidade que tem com o SUS”, afirmou Aloísio, referindo-se às crises por que passa o Hospital Universitário. Segundo o reitor, 2009 será um ano importante, em que recursos serão assegurados para dar a atenção necessária a esses problemas.
Médicos humanos
O diretor da FM destacou o papel da Instituição no futuro da sociedade. Para Antonio Ledo, é preciso que a Faculdade tenha o compromisso constante com diretrizes éticas para viabilizar a formação de médicos humanos e cidadãos. “Nosso papel é o de formação de indivíduos, atuantes na sociedade. Não podemos nos restringir a uma formação exclusivamente técnica, mas também humanista”, declarou Ledo.
O professor observou que, para que esse ideal seja alcançado, algumas diretrizes de ensino são fundamentais na Faculdade, como a preocupação com a postura ética, visão humanística e senso de responsabilidade social. Capacidade para se comunicar, lidar com múltiplos aspectos da relação médico-paciente e capacidade de aprendizagem contínua durante toda a vida profissional são outros dos valores construídos durante a formação acadêmica na UFRJ.
Ledo reafirmou, ainda, o papel de produtor de conhecimento, intrínseco à condição de Universidade. “Existe também a preocupação com a produção do saber. A Faculdade não tem só o papel de formador de profissionais, mas também o de contribuir, por meio da pesquisa, com a produção do conhecimento. Essa produção não deve ser medida apenas pela quantidade, mas também pela qualidade. Estou certo de que a Universidade prioriza isso”, afirmou o diretor.
Homenagem
Trajando as vestes talares, convidados ilustres foram homenageados pela contribuição à Faculdade. Parte da turma de 1958, que completa 50 anos, esteve presente na festa e foi aplaudida calorosamente por todos. Azor José de Lima, representante da turma cinqüentenária, homenageou seus colegas e falou aos calouros presentes: “sejam médicos e não simplesmente formados em Medicina”.
Além da turma histórica, outros nomes foram lembrados durante a cerimônia e contemplados com uma medalha, cunhada especialmente para a ocasião. De autoria da gravadora Dalila Santos, a peça representa o passado e o futuro, que se fundem na construção do presente. Receberam a medalha: professor emérito Clementino Fraga Filho, representando todos os professores, aluno Ricardo Farias, representando todos os alunos, professora Vera Halfoun representando todos os ex-diretores, professora Diana Maul, representando a comissão organizadora do evento, entre outras autoridades acadêmicas.
Medicina em números
Atualmente a Faculdade de Medicina é constituída de aproximadamente 1200 alunos de graduação, 350 em cada uma das turmas de fisioterapia e fonoaldiologia. Na área da Pós-graduação, são 450 mestrandos e 220 doutorandos. (conceito 6 da Capes), além do lato-sensu. Como destaque o curso de pós-graduação em clinica médica, conceito 6 da Capes.
No provão a graduação obteve nos anos de 1999, 2000, 2001, 2002 e 2003 conceito A. Em 2008, no Enade, os três cursos que compõem a medicina tiraram conceito 5 (nota máxima).