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O perfil da nova família escrava

O Rio de Janeiro do século XVII foi tema central na manhã desta terça, dia 4, durante a XXX Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Artística e Cultural (JIC 2008). Na sala 3 do Anexo da Escola de Serviço Social, Vanessa Alves de Assis Vieira abordou a realidade do escravo naquele período em sua palestra “Família Escrava: Um estudo sobre as Hierarquias Sociais e a Escravidão no Rio de Janeiro Setecentista”.

“O papel do historiador é tentar compreender a sociedade de uma determinada época. Como a maioria dos trabalhos voltados para a passagem entre os séculos XVII e XVIII é sobre a elite, decidi realizar um que estudasse o comportamento do escravo desse momento histórico”, afirmou a estudante.

Com a descoberta do ouro em Minas Gerais, o Brasil Colonial sofreu grandes transformações nos campos econômico, político e social. O porto do Rio de Janeiro ganhou destaque, tornando-se a principal via de escoamento do mineral para Portugal. As disputas pelo poder entre a elite agrária colonial também se acirraram. Além disso, o período entre os anos 1690 e 1750 ficou marcado pela chegada massiva de africanos, em sua maioria homens, trazidos pelos traficantes de escravos. Esses fatos alteraram drasticamente a realidade dos que já viviam nas capitanias, comentou Vanessa.

O objetivo do trabalho foi analisar de que maneira essas transformações na América Portuguesa influenciaram o modelo de família escrava no país. “Essas mudanças estimularam novas formas de parentesco, de hierarquia social. A relação entre os escravos já brasileiros e aqueles que estavam chegando da África foi bastante conturbada. Percebemos então que a escravidão nunca foi linear no Brasil, nunca foi homogênea”, disse a estudante.

Segundo ela, a pesquisa foi feita com base na “demografia escrava” (inventários de cidadãos acusados durante a Inquisição), observando o perfil do escravo trazido para o Brasil na virada para o século XVIII. O trabalho foi orientado pelo professor Antônio Carlos Juca de Sampaio.


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