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Mídia e medo do crime

No segundo dia da Jornada de Iniciação Científica, 4 de novembro, aconteceu a apresentação da pesquisa “Mídia e Medo do Crime: A construção do Sofrimento Evitável”, por Aline Lourena, Felipe Borges, Fernando Velasco, Mariah Queiroz, Mariana Pombo e Pedro Lerner, estudantes da Escola de Comunicação da UFRJ, orientados por Paulo Vaz, professor da instituição.

A proposta do trabalho foi analisar, a partir da comparação de notícias veiculadas em telejornais e coletadas nos períodos de 1984/1985 e 2004/2005, a relação de espectador frente à violência retratada na mídia, segundo conceitos de modernidade e pós-modernidade.

Segundo Mariana Pombo, na década de 80, em que predominava na sociedade os valores da chamada modernidade, o espectador conferia às atitudes criminosas três eixos narrativos: força das paixões (ciúme e vingança, por exemplo), estrutura social (pobreza, desemprego) e atitudes quase-heróicas (como a do assaltante que escalava prédios para roubar).

– Nesse caso, a separação entre o “nós” (audiência) e “eles” (criminosos) é transitória. Há a identificação do público tanto com a vítima quanto com o infrator, pois supõe que a situação de pobreza ou explosão emocional pode acontecer com qualquer pessoa – explica a aluna, apresentando depoimentos da época nos quais os indivíduos apontam, como formas de evitar o sofrimento por meio da violência, o investimento do Estado em empregos, reformas sociais e em políticas de reintegração do criminoso na sociedade.

Por outro lado, na sociedade pós-moderna, chamada cultura do risco e representada pela pesquisa de telejornais dos anos 2004/2005, os criminosos são tidos como desumanos e cruéis, para os quais não há explicação. “Há uma diferença definitiva entre ‘nós’ e ‘eles’”, disse Mariana, completando: “O espectador torna-se uma vítima virtual, com sentimentos de medo e indignação”, explica.

– São estabelecidos também três eixos narrativos sobre a situação de violência: “pode acontecer novamente; com qualquer pessoa; poderia não acontecer” – expõe a estudante, afirmando que, para a última situação em que o sofrimento é evitado, a solução apontada pela sociedade pós-moderna seria o “endurecimento do sistema”.


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