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Estudos de conforto ambiental em casas modernistas de Lucio Costa

Um dos primeiros painéis da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) apresentados na JIC 2008, iniciada nessa segunda-feira, foi o estudo de aspectos do conforto ambiental e sua contribuição para a qualificação do espaço arquitetônico, realizado pelos estudantes de arquitetura Vinícius Orsolon, Helena Junqueira e Camila Barbosa Curi. O trabalho foi orientado pelas professoras Maria Maia Porto e Ingrid da Fonseca, além de contar com Eliane Barbosa e Adriana Alvarez como colaboradoras.

O projeto buscou demonstrar como a integração de requisitos de conforto ambiental com bioclimatismo pôde se efetivar com originalidade na obra de Lúcio Costa, um dos maiores nomes do Movimento Modernista Brasileiro que pretendeu promover uma arquitetura voltada às características naturais nacionais.

 – E compreende-se que com este nosso clima, tenha sido mesmo assim, pois embora se fale tanto na luminosidade do nosso céu, na claridade excessiva dos nossos dias, o fato é que as varandas, quando bem orientadas, são o melhor lugar de nossas casas. E o que é a varanda, afinal, senão uma sala completamente aberta? – ilustração de argumento de Lúcio Costa feita pelos alunos.

Para melhor ilustrar o trabalho de pesquisa realizado, os alunos utilizaram folder com fotos e explicações de quatro casas em dois bairros e momentos distintos. Uma delas foi a Residência Benedito Souza Carvalho, produzida em Laranjeiras, no ano de 1934. Eles destacaram o uso de venezianas em generosas aberturas que conferiu aos espaços a proteção de possível excessividade de luz solar e garantiu ainda privacidade, sem prejuízo da ventilação natural. O segundo exemplo foi a residência Helena Costa, filha de Lúcio, localizada na Gávea, e construída no início da década de 1980. Os estudantes ressaltaram a fluidez espacial que, segundo eles, pode ser sentida desde a entrada da casa. O uso de cores claras, aliado à exposição ao céu, neste caso encoberto, cria espaços muito bem iluminados naturalmente.

No caso do primeiro exemplo (década de 1930), explicou Vinícius Orsolon, Lúcio Costa ainda sofre forte influência do neo-colonialismo e se percebe um amadurecimento e mudanças positivas em suas obra no segundo exemplo, já centrado no modernismo, em relação à utilização de varanda com telhado, por exemplo, pois a luz não incide tão diretamente e torna o ambiente mais agradável.


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