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Memória

Compositor russo recebe homenagem no Fórum de Ciência e Cultura

 O Programa Oriente Ocidente do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ realizou nesta terça, dia 13, uma homenagem à Rússia, o país dos Czares, antecipando a semana comemorativa dedicada àquele país, com início previsto para 25 de outubro no Rio de Janeiro. Na UFRJ, foi realizado um tributo ao centenário da morte de Nicolai Andreavitch Rimsky-Korsakov, compositor russo de peças conhecidas, como Sheerazade e O Vôo do Besouro. 

A programação na UFRJ incluiu uma palestra lítero-musical com Jeovah de Arruda Câmara, antropólogo, presidente do Instituto Cultural Brasil-Rússia Mickhail Lermontov e assessor para cooperação internacional do Fórum de Ciência e Cultura. Itajara Dias, pianista do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, fez uma participação especial no evento. A homenagem intercalou a história de Rimsky-Korsakov, apresentada por Jeovah, com algumas de suas composições, executadas por Itajara.

Jeovah conta que o compositor, nascido em 1844, teve o primeiro contato com a música aos 6 anos, quando começou a tocar piano. Em 1961, Rimsky-Korsakov ingressou na Marinha Russa, onde permaneceu durante longo tempo, chegando ao posto de Comandante, mas nunca abandonou a música. O russo apresentou-se em diversas capitais como chefe de orquestra, sendo considerado um dos maiores compositores da história, ao lado de nomes como o compositor francês Ravel, afirma o pianista Itajara Dias: “Ele é o principal inovador da orquestração, composição e instrumentação de todos os tempos. Foi a partir dele que começou a se desenvolver os requintes da orquestração, como a expansão da orquestra”.

Uma das curiosidades na história do compositor russo foi sua passagem pelo Brasil, conta Jeovah: “Como comandante de Marinha, Nicolai passou três anos fazendo uma viagem de treinamento com uma esquadra russa. Nessa viagem, teve a oportunidade de aportar no Rio de Janeiro, chegando à conclusão que o país era ‘um verdadeiro mundo de fadas que nos oferecem os trópicos’”, afirma o antropólogo, acrescentando que D. Pedro II, ao ser informado sobre a passagem do compositor por terras brasileiras, convidou-o a se hospedar em seu palácio em Petrópolis, atual Museu Imperial.

Em Petrópolis, Rimsky-Korsakov, que se inspirava em músicas anteriores ao cristianismo, nas melopéias (música grega antiga) e nos cantos litúrgicos hebreus, compôs a ópera Sadako. “Em suas memórias, o compositor afirma: ‘Esse Brasil me afastou do marasmo dos meses através dos mares’”, reproduziu Jeovah. Ao retornar à Rússia, em 1872, Rimsky-Korsakov apresentou sua primeira ópera, Donzela Paskov. Lá, casou-se com Nadyezda Nikolayevna Purgol, com quem teve dois filhos Masha e Slavichk. “Com a morte dos filhos e da esposa, o compositor não resistiu a um colapso cardíaco, em 1908, aos 64 anos”, concluiu Jeovah.

Semana da Rússia no Rio de Janeiro

Segundo o antropólogo, a homenagem ao compositor de Galo de Ouro, Rei Lehar e outras óperas realizada na UFRJ antecipa a Semana da Rússia no Rio de Janeiro. “O evento acontece nos dias 25 e 26 de outubro, contando com a participação de um coral com 80 monges russos, pela primeira vez na América”, revelou. O coral se apresentará em outros dez países, terminando a turnê no México. No Brasil, eles se apresentarão em uma missa ecumênica no Corcovado e na Igreja do Carmo.