O Ministério da Ciência e Tecnologia, com apoio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está organizando a expedição “Caminhos de Darwin”, que percorrerá de 26 a 29 de novembro os locais por onde o naturalista Charles Darwin passou em sua visita ao Rio de Janeiro em 1832. O projeto faz parte das comemorações dos 150 anos da teoria da seleção natural das espécies. Nesta segunda-feira, dia 13, representantes de 12 municípios fluminenses participaram de uma reunião, na Casa da Ciência, para discutir a organização da expedição, que promoverá uma série de atividades educativas e culturais para marcar a passagem do cientista pelo Rio de Janeiro.
Segundo uma das coordenadoras do projeto, Fátima Brito, diretora da Casa da Ciência, as atividades do projeto incluem a realização de palestras educativas, apresentações teatrais e exibição de vídeos, além de instalação de placas indicativas e marcos comemorativos sobre a expedição. Fátima ressalta a importância da participação das prefeituras e a mobilização das escolas. “A cada reunião, há um envolvimento maior dos municípios. O projeto também tem esse objetivo de resgatar a auto-estima e a história dessas localidades. Nossa idéia é que os marcos se transformem em roteiro turístico nessas regiões”, explicou a coordenadora.
A previsão é que os participantes comecem a expedição no dia 26, com saída do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, até Saquarema, passando pela fazenda Itaocaia, em Maricá. No dia 27, o roteiro deve incluir as cidades de Araruama, São Pedro da Aldeia e Cabo Frio. A expedição prossegue no dia 28 percorrendo os municípios de Barra de São João, Macaé e Conceição de Macabu, terminando no dia 29 em Rio Bonito, Itaboraí e Niterói. A seleção dessas localidades foi feita com base numa rigorosa pesquisa sobre o roteiro de Darwin no Brasil e, particularmente, no Rio de Janeiro. Segundo Fátima, o trajeto, totalizando 240 quilômetros, exerceu grande influência para o desenvolvimento da teoria da evolução das espécies.
Durante a expedição, serão inauguradas 12 placas comemorativas, com mapa do Estado sinalizando o trajeto de Darwin e citações retiradas do seu diário sobre sua passagem nos referidos locais. Outras 24 placas indicativas deverão ser instaladas nas estradas para orientar os participantes e incentivar o turismo científico no Norte Fluminense. Os organizadores também tentam confirmar a participação de Richard Keynes, bisneto de Charles Darwin, na conferência de encerramento do projeto.
A teoria
Autor do clássico livro “A origem das espécies por meio da seleção natural”, o naturalista britânico Charles Darwin viajou durante cinco anos a bordo do Beagle estudando a rica variedade de espécies animais e vegetais, muitas das quais ainda desconhecidas para a ciência. Durante a expedição, teve duas passagens pelo Brasil – a primeira em 1832 e a outra em 1836. A mais produtiva teria ocorrido em 1832, quando permaneceu no país durante cinco meses, quatro deles explorando a biodiversidade no Rio de Janeiro. Foi no Brasil que o cientista teria visto pela primeira uma floresta tropical, afirmam os pesquisadores.
Foi desse contato direto com a natureza, Darwin começou a conceber a idéia da evolução a partir de um ancestral comum. Em sua visão, o homem, compartilhando o mesmo ancestral do macaco, evoluiu por meio da seleção natural. Seus estudos, que contrariavam a tese dominante de uma origem divina para o homem, acabaram se tornando a explicação científica para a diversidade das espécies na natureza. A teoria, desenvolvida de forma conjunta por Darwin e Alfred Wallace, foi publicada em 1858.
Na próxima semana, serão realizadas reuniões nos próprios municípios para dar continuidade ao trabalho de organização logística da expedição, coordenada no Rio de Janeiro pela Casa da Ciência (Centro Cultural de Ciência e Tecnologia da UFRJ) e pelo Departamento de Recursos Minerais (DPM), por meio do projeto “Caminhos Geológicos”. Um novo encontro está marcado no dia 3 de novembro, na casa da Ciência, com todos os representantes para fechar os detalhes da programação. Informações sobre a expedição também podem ser encontradas no site www.casadaciencia.ufrj.br/caminhosdedarwin.