As possíveis conseqüências para o Brasil da crise econômica que afeta os Estados Unidos têm gerado inquietação não apenas nos meios oficiais e acadêmicos, mas também em grande parte da população.

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Memória

Para onde vai o Brasil?

As possíveis conseqüências para o Brasil da crise econômica que afeta os Estados Unidos têm gerado inquietação não apenas nos meios oficiais e acadêmicos, mas também em grande parte da população.

 As possíveis conseqüências para o Brasil da crise econômica que afeta os Estados Unidos têm gerado inquietação não apenas nos meios oficiais e acadêmicos, mas também em grande parte da população. Com o objetivo de criar um debate sobre o que pode ser feito para amenizar os efeitos da crise em nosso país, foi realizada nesta quarta-feira, dia 1°, a palestra “Para onde vai o Brasil, econômica, social e politicamente, ante as crises internacionais e a renascença da Ásia”, proferida por João Paulo Reis Velloso, ex-ministro do Planejamento, a convite do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento do Instituto de Economia da UFRJ.

O ex-ministro explica que a atual crise econômica que atinge os Estados Unidos pode ser vista como um reflexo do sistema habitacional e econômico vigente desde a década de 60, chamado Shadow Banking, que desencadeou uma corrida da população aos planos de financiamento. “O sonho americano passou a ser a casa própria”, disse Reis Velloso. Para ele, esse foi o início do que chama de “cadeias da felicidade”, que poderiam quebrar a qualquer momento: “O resultado estamos vendo agora, nos sistemas financeiros dos Estados Unidos”. 

Para Velloso, nomeado aos 38 anos ministro do Planejamento no governo de Emílio Garrastazu Médici (presidente do Brasil durante a Ditadura Militar, entre 1969 e 1974), a crise de 1929 deve ser vista como lição sobre como não proceder no impasse atual.  “O Banco Central e o governo dos Estados Unidos cometeram erros que transportaram a recessão para o mundo inteiro”, criticou o especialista, apontando a barreira tarifária imposta pelo governo norte-americano logo no início da crise como um dos fatores que levaram a recessão a outros países. “É preciso ter consciência sobre a importância de ser um líder; essa liderança pressupõe uma responsabilidade, um preço a pagar”, afirmou o palestrante, referindo-se ao papel de potência mundial dos Estados Unidos.

Apesar do assombro de uma nova recessão mundial, Velloso é categórico em afirmar: “Estamos num mundo muito diferente dos anos 30”. Para o professor, a conjuntura política e econômica mundial conta atualmente com fatores que demandam um olhar diferenciado sobre a crise, como a atuação dos países emergentes: “Hoje despontam mercados como a Ásia, em especial a China, que pedem uma análise mais ampla da situação”, reflete o palestrante.

Nesse contexto, o ex-ministro acredita que existe uma oportunidade para o Brasil crescer, a despeito da crise, na área energética e de alimentos. Para isso, é preciso “transformar os recursos naturais em oportunidades, de forma moderna”, propõe Velloso. Seguindo como exemplo a postura dos países escandinavos, ele sugere como forma de investimento “transformar a economia”, com base nos recursos adquiridos com a exploração do petróleo brasileiro do pós-sal. “A bacia de Santos e outras áreas licitadas já representam uma grande oportunidade”, afirma o palestrante, que prefere não incluir nessa conta o petróleo da região do pré-sal.

Segundo Velloso, a maior oportunidade para o crescimento do Brasil, portanto, está no desenvolvimento da energia e da tecnologia à base da biodiversidade. “Isso é potencial”, garante o especialista, afirmando que o crescimento é muito importante para o desenvolvimento social do país. Para isso, o ex-ministro do planejamento sugere, por fim, três pilares de desenvolvimento: dar oportunidade para os mais pobres, eliminando o ciclo vicioso, converter o Brasil em potência a partir dos recursos que dispõe e valorizar o pequeno empresário brasileiro. “Essa é a nossa arma secreta”, conclui João Paulo Reis Velloso.