O Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ iniciou nessa segunda-feira, dia 22, a oficina Brasil: o olhar sul-americano, no Fórum de Ciência e Cultura, no campus da Praia Vermelha. Pesquisadores sul-americanos vão apresentar, até o próximo dia 25, trabalhos que abordam o papel do Brasil no processo de integração dos povos do continente nos campos da cultura, economia, ciência e geopolítica. Ao final do encontro, após debate com pesquisadores brasileiros, será produzido um documento reunindo as conclusões do seminário. Os ensaios serão reunidos em um livro a ser publicado pela Editora UFRJ.
Participaram da abertura do encontro, ontem à tarde, no Salão Moniz Aragão, o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, a coordenadora do Fórum, Beatriz Resende, e os diretores Nelson Maculan e Adilson de Oliveira, representando o Colégio Brasileiro de Altos Estudos. Segundo Adilson de Oliveira, coordenador do evento, a principal contribuição das oficinas é possibilidade de abertura de um diálogo que permita a aproximação dos povos sul-americanos.
– O objetivo básico é compreender melhor a percepção que tem nossos vizinhos sobre o Brasil. Fazemos fronteira com quase todos os países sul-americanos. Temos de viver de forma mais integrada e é importante ouvir o que eles pensam para que também possamos oferecer uma resposta positiva. Queremos trabalhar juntos –, afirmou.
O primeiro dia foi reservado para a discussão de trabalhos na área da cultura. O pesquisador Coriún Aharonián apresentou uma análise crítica do cenário musical no continente. Em seguida, Ana Pizarro falou sobre as características narrativas que perpassam as obras literárias e, por último, Nelly Arvello abordou a questão indígena na América do Sul. A coordenadora do Fórum, Beatriz Resende, atuou como relatora da oficina.
Segundo Aharonián, o processo de cooperação mútua entre os países não se restringe a uma integração puramente mecânica. O pesquisador aponta que, apesar de movimentos pontuais que demonstraram uma certa consciência latino-americana, como o tropicalismo, faltam políticas integradas que possam promover essa comunicação entre manifestações artísticas de diferentes nações.
– Não é simplesmente uma integração mecânica. É um problema mais longo de tomada de consciência. É preciso sentir que pertencemos a um território mais abrangente. Não é só o Brasil que está de costas para os outros países. Esse é um problema latino-americano –, enfatizou o palestrante.
Sobre a questão indígena, a pesquisadora Nelly Arvello ressaltou que a inclusão dos direitos indígenas na Constituição de 1988 no Brasil serviu de modelo para outros países da América do Sul, representando um grande avanço para as comunidades que já habitavam o território antes da formação dos estados nacionais. Apesar disso, salientou que é preciso continuar lutando para que esses direitos previstos em lei saiam do papel e sejam levados para a prática. “Integração política é o que falta. Há um esqueleto de integração, mas falta músculo”, comparou Arvello.
Os debates prosseguem nesta terça, dia 23, no Salão Moniz Aragão. Na parte da manhã, será realizada a oficina de ciência com os pesquisadores Francisco de la Cruz (física), César Hermida (saúde pública) e Myriam Jimeno (violência urbana). A partir das 14h, o tema será economia com a participação de Juan Legisa (energia), Roberto Andrés Lima Morra (obras públicas) e Dante Sica (setor automobilístico). Amanhã, dia 24, será a vez da apresentação de trabalhos na área de geopolítica.
As oficinas acontecem no Salão Moniz Aragão, no Fórum de Ciência e Cultura. O evento Brasil: o olhar sul-americano termina no dia 25, quando haverá apresentação pública das conclusões do seminário. O Fórum fica na Avenida Pasteur 250, no campus da UFRJ na Praia Vermelha.
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