"O Zimduck é uma esperança a milhares de portadores |
Produto desenvolvido a partir de secreções lácteas de diferentes mamíferos, totalmente natural, pode ser a esperença de pessoas com doenças infecciosas, incluindo os portadores do vírus HIV. Zimduck é o nome do novo biofármaco que, há 13 anos, vem sendo desenvolvido por Luiz Fernando Mesquita, pesquisador convidado do Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais (NPPN) da UFRJ. A diferença entre o Zimduck e os outros fármacos é a sua atuação no organismo humano, fortalecendo o sistema imunológico, ao invés de priorizar o combate direto do agente infeccioso, como fazem os outros medicamentos. “É o reestabelecimento de um organismo em desequilibrio, permitindo que o corpo volte a trabalhar para si mesmo”, afirma o médico Luiz Fernando.
A pesquisa é desenvolvida no NPPN, juntamente com o chefe do Laboratório de Fitoquímica, professor Ricardo Kuster, e mais um grande número de colaboradores, tanto do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ), quanto da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade de São Paulo (USP). O objetivo final é oferecer o Zimduck à Saúde Pública, visando a ser uma política de Estado, uma das prioridades de Luiz Fernando.
Hoje, 33 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo. Em 2007, ocorreram 2,7 milhões de novas infecções pelo vírus e 2 milhões de pessoas morreram em decorrência da aids. No Brasil, estima-se em 620 mil o número de pessoas infectadas pelo HIV, com uma média anual de 32 mil novos casos de aids e 11 mil mortes em decorrência da doença.
Fase I e II da pesquisa
No ano de 2003 foi feita no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho ( HUCFF) a fase I da pesquisa, que contou com a participação de 30 voluntários, entre homens e mulheres, com idades de 20 a 50 anos, considerados saudáveis. Durante 3 meses, essas pessoas receberam semanalmente uma aplicação intramuscular contendo 200 mg do Zimduck diluído em 3 ml de água destilada. Após esse período, foi percebida uma suavização, e até mesmo uma redução, da manifestação de algumas doenças, como gripe, algumas alergias e até mesmo herpes, superando as expectativas dos próprios pesquisadores com relação a eficiência do medicamento.
Para o projeto, os pesquisadores arcaram com todo o custo. Não houve qualquer forma de financiamento formal, “a não ser o espaço que ocupamos nas universidades”, lembra Luiz Fernando. E não foi pouco o que eles gastaram. Em mais de treze anos de desenvolvimento, estima-se que tenham sido investidos mais de 1 milhão de reais. Se as respostas se mantiverem positivas, o produto poderá ser produzido em larga escala por indústria interessada.
No início desse ano, o projeto foi enviado para a Finep, que o aprovou em primeira instância, acenando com a possibilidade de conceder recursos para o estudo, o que viabilizaria a realização da Fase II . “ A Finep assinalou com a possibilidade de destinar recursos suficientes para o desenvolvimento da fase II ao aprovar o projeto na fase técnica-científica”, disse Luiz Fernando.
Para a realização dessa fase II serão convocados 40 pacientes soropositivos que façam uso dos anti-retrovirais. A metade dos pacientes passarão a contar com o uso adicional do Zimduck, enquanto os demais continuarão a ser medicados somente com o anti-retroviral. Essa fase é de extrema importância para o projeto, porque é nela que se comprova a eficácia no uso do fármaco no tratamento em pacientes com HIV, pois a segurança do uso por humanos já foi comprovada na primeira fase, afirma Mesquita.
O Zimduck não se propõe a ser um substituto aos anti-retrovirais (grupo de medicamentos mais utilizado contra o HIV), mas um adjuvante a eles, ou seja, uma opção nacional para agregar qualidade ao tratamento dos pacientes soropositivos. Atualmente, o Governo, através do SUS, fornece coquetel de anti-retrovirais a 185 mil portadores, de um total, no país, de 620 mil. O gasto chega a um bilhão de reais por ano. É nesse sentido que o pesquisador aponta como fundamental a pesquisa de um fármaco desenvolvido no Brasil, com grandes possibilidades de um custo mais baixo e a redução de internações oportunistas, além do gasto em importação de medicamentos.
“Trata-se, a meu ver, de uma verdadeira revolução no campo da terapia médica, pois passamos a combater a doença pelo fortalecimento da saúde de nosso corpo e não pela produção de substâncias não naturais que visam atacar os efeitos nocivos que a doença provoca, colocando-nos dependentes de sucessivos remédios”, conclui Luiz Fernando.