Na última segunda-feira, 29 de setembro, a crise financeira que está abalando os Estados Unidos chamou, mais uma vez, a atenção da opinião pública mundial. Conheça as razões do veto e os impactos da crise sobre o Brasil.

">Na última segunda-feira, 29 de setembro, a crise financeira que está abalando os Estados Unidos chamou, mais uma vez, a atenção da opinião pública mundial. Conheça as razões do veto e os impactos da crise sobre o Brasil.

">
Categorias
Memória

Plano de socorro à crise financeira dos EUA é rejeitado

Na última segunda-feira, 29 de setembro, a crise financeira que está abalando os Estados Unidos chamou, mais uma vez, a atenção da opinião pública mundial. Conheça as razões do veto e os impactos da crise sobre o Brasil.

Na última segunda-feira, 29 de setembro, a crise financeira que está abalando os Estados Unidos chamou, mais uma vez, a atenção da opinião pública mundial. Isso porque a Câmara de Representantes do país vetou o pacote econômico de 700 bilhões de dólares, proposto pelo presidente George W. Bush para socorrer os bancos norte-americanos.

O impacto da recusa foi evidente: o temor tomou conta do mercado financeiro e as bolsas de valores registraram queda em várias partes do mundo. A Dow Dones, por exemplo, fechou em queda de, aproximadamente, 7%. Já a Bovespa, recuou 9,36% — maior queda desde janeiro de 1999, quando o real sofreu forte desvalorização frente ao dólar.

Dois fatores podem, na opinião de Reinaldo Gonçalves, professor do Instituto de Economia (IE) da UFRJ, explicar a rejeição do plano de socorro idealizado por Bush: o despreparo do presidente norte-americano para lidar com a crise e a influência da sociedade estadunidense sobre a Câmara. Reinaldo explica que os cidadãos desejam punição aos responsáveis pelo momento crítico vivido nos EUA: “A sociedade americana foi favorável ao veto. Ela sabe que houve um erro e quer que os responsáveis paguem por ele. Além disso, há a questão do controle público de recursos. Ninguém quer assinar um cheque de 700 bilhões de dólares para serem gastos sem qualquer controle social. Isso é uma virtude e não uma fragilidade da sociedade”, afirma.

Há rumores sobre a influência da proximidade das eleições presidenciais na rejeição perpetrada pela Câmara de Representantes. Reinaldo, embora admita certa relação entre os dois acontecimentos, acredita que as eleições são um fator secundário na explicação do veto. Segundo ele, o fato de a maioria dos votos contrários ao pacote ser proveniente de representantes do Partido Republicano comprova sua afirmação.

O pacote econômico rejeitado na última segunda-feira faz parte de um conjunto de medidas que engloba, entre outras, a estatização de seguradoras e a manutenção da taxa de juros que já vem sendo praticadas pelos EUA, para frear a crise financeira. “Essa crise acontece num momento em que o preço das commodities está alto. Por isso é mais abrangente do que a crise de 1929; elas têm seqüência e natureza diferentes. A crise atual é real, financeira e vem acompanhada de inflação. Usar um remédio para resolver um dos seus problemas pode surtir efeitos negativos nos outros”, enfatiza Reinaldo Gonçalves.

Embora a avaliação de alguns analistas seja otimista em relação aos impactos da crise sobre a economia brasileira, Reinaldo Gonçalves afirma que a grande vulnerabilidade externa do Brasil poderá produzir, diante da crise, aumento da inflação, reajuste fiscal, redução dos investimentos e aumento do desemprego no país.