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Memória

Cigarro nunca mais

Quem entrasse distraído no Auditório Halley Pacheco do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ, na última sexta-feira (29/08), provavelmente ficaria surpreso ao ver o grande número de mãos levantadas. Porém, mais perplexo ainda ficou quem pôde escutar a pergunta que levou a tamanha inquietação do público: “Quem, aqui, parou de fumar por conseqüência de um problema de saúde?”.
 
Saber que a cada ano cerca de cinco milhões de pessoas são vítimas do cigarro é impactante, porém apenas mais uma estatística. Quem compareceu ao “IV Encontro de pacientes do Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo (NETT)”, teve, entretanto, a experiência única de presenciar um pouco da realidade de quem trava uma luta diária contra esse forte adversário.
 
 A reunião, que ocorreu em comemoração ao Dia Nacional do Combate ao Fumo, contou com a participação de veteranos na luta contra o vício e de médicos como Alberto Araújo, pneumologista e diretor do NETT, e Aline Sardinha, Pesquisadora do Laboratório de Pânico e Respiração do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPUB).
 
Mais do que uma habitual análise dos malefícios do cigarro, o evento abriu espaço para que cada paciente do núcleo pudesse falar de suas superações e compartilhar com os presentes os motivos que os levaram a abandonar o vício. Uma forma singular de estimular a luta dos pacientes ainda novos nesse perigoso campo de batalha.
 
Para dar início ao evento, Alberto Araújo acentuou a interatividade médico-paciente, disponibilizando seus poemas e convidando os presentes a relacioná-los ao vício. Não tardou para que todos, envolvidos pelo ambiente de companheirismo, dessem suas opiniões, fazendo analogias entre os versos e experiências pessoais.
 
Para dar dicas e esclarecer os efeitos do cigarro no corpo, Aline Sardinha trabalhou o tema “Como manejar as situações de estresse?”. A médica explicou os fatores que levam à dependência e aconselhou a todos a “mudança de hábito”. Para ela, uma forma interessante é substituir os cigarros por prática de exercícios físicos. Transformação inclusive aprovada por pacientes, que trocaram as perigosas tragadas por longas corridas ou caminhadas, chegando a se tornar verdadeiros atletas.

Após depoimentos emocionados, nada melhor que a premiação da vitoriosa abstinência. Entre os muitos pacientes que deixaram suas poltronas para receber o presente, encontravam-se veteranos na luta contra o mau-hábito: pessoas que abandoram o vício há anos, mas que, ainda assim, seguem o tratamento como um apoio para não sucumbir outra vez.

Um a um, os pacientes retornaram aos seus lugares, orgulhosos, trazendo um pássaro colorido de pedra, a pequena lembrança do NETT,  símbolo da conquista da liberdade. Afinal, esse mal, não mais os acorrenta.