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Memória

Famílias de desaparecidos políticos pedem o “direito à verdade”

O Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Sociais (NEPP-DH/ UFRJ) realizou nesta segunda-feira, dia 1º de setembro, um encontro em homenagem ao dia Internacional do Desaparecido Político, lembrado em 30 de agosto. A reunião aconteceu no Auditório Manuel Maurício de Albuquerque do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH/UFRJ), contando com a manifestação de representantes de diversas instituições e ONGs.

A lembrança dos parentes desaparecidos durante a ditadura militar brasileira, as torturas impostas aos presos políticos e a falta de informações sobre o que aconteceu a essas pessoas foram os assuntos que guiaram a discussão, que pede a abertura dos arquivos do período ditatorial, como afirma João Batista Damaceno, juiz integrante da ONG Associação Juízes para a Democracia: “O povo brasileiro tem o direito de conhecer a sua história, obrigação da qual os Poderes Judiciário, Executivo e Legislativo não podem lavar as mãos. É imperativa a abertura dos arquivos, que devem fazer parte do acervo nacional, para preencher a lacuna existente no período da ditadura militar”, afirma o juiz.

Para Flávia, representante da União Nacional dos Estudantes, este é um momento de reflexão, que propicia uma organização das partes envolvidas por seu direito de conhecer a história e a luta de seus parentes envolvidos na luta pela liberdade. “Precisamos resgatar a memória, a história dos heróis do nosso povo. Não compreende o passado recente é não saber atuar no hoje”, discursou a estudante, ao que Maria Margarida Ellenbogen Pressburger, representante da Ordem dos Advogados do Brasil cujo irmão foi preso e torturado durante a ditadura, confirma: “muitos jovens acreditam que é só história, que é passado. Mas são marcas recentes”, disse a advogada.

O Grupo Tortura Nunca Mais, que associa as famílias de torturados e desaparecidos políticos, um dos idealizadores do evento, teve entre suas representações a fala de Cecília Coimbra, presidente do grupo, que chamou a atenção para a importância da figura do desaparecido político em outras situações encontradas no cenário brasileiro: “É preciso ligar as histórias do GTNM a outras memórias, a fatos recentes em nosso país”, disse, referindo-se a situação de presídios, à violência policial e das milícias, entre outros problemas. E completa: “É preciso evidenciar quem foram os torturadores, o que aconteceu de fato. Não queremos a indenização, mas o direito à verdade”.