Fruto de uma iniciativa do Laboratório de Vídeo Educativo do Núcleo de Tecnologia Educacional para Saúde (LVE/Nutes) da UFRJ, o II Seminário “Imagem: Documento e Informação” começou ontem, 19 de agosto. A primeira edição do evento ocorreu no ano passado, em maio. Assim como no primeiro seminário, o encontro foi organizado no auditório da Biblioteca Central do Centro de Ciências da Saúde e reuniu professores de diversas instituições do Brasil. O evento tem previsão de se estender por mais dois dias.
Miriam Struchiner, diretora da Nutes, foi acompanhada por Paula de Mello, coordenadora do Sistema de Bibliotecas da UFRJ e Isabel Azevedo, superintendente de Extensão da UFRJ. Além delas, estava presente o professor responsável pelo LVE, Luiz Rezende. Otimista, Struchiner, que considerou o evento de 2007 um verdadeiro sucesso, elogiou a iniciativa de Luiz Rezende e apostou na realização de mais seminários do tipo nos próximos anos.
Isabel Azevedo concordou com a diretora e destacou a importância do trabalho do Nutes para a Universidade. “Percebemos uma preocupação do Nutes com a preservação dos acervos, organização do material, além do trabalho de divulgação”, comentou a superintendente, referindo-se ao trabalho do LVE, que mantém cerca de 220 vídeos educativos, usados tanto em sala de aula, como complemento das atividades de ensino, como também auxiliando o treinamento de profissionais de saúde. “Precisamos construir com urgência uma política de audiovisual das universidades públicas. Vivemos um momento importante da questão da TV pública, da possibilidade da Universidade ter seu próprio canal. Essas são questões que precisamos debater”, avaliou Azevedo.
Imagem, narrativa e memória
Para abrir o ciclo de conferências, a convidada foi Miriam Manini, professora de arguivologia da Universidade de Brasília. O tema proposto foi fotografia como narrativa e cinema como memória. Nada mais oportuno do que falar sobre isso no Dia Mundial da Fotografia, como 19 de agosto é considerado por muitos estudiosos, em referência ao anúncio do daguerreótipo, primeiro processo fotográfico inventado pelo francês Louis Daguerre.
A professora destacou alguns aspectos teóricos da fotografia, ressaltando a importância da imagem para profissionais da informação. A máxima da semiótica, “uma imagem vale mais que mil palavras” foi a tônica da palestra de Miriam Manini. “Devemos nos preocupar enquanto profissionais da informação e, mais ainda, como formadores de profissionais da informação, com a guinada que ocorreu nas formas de comunicação, em que o visual tomou lugar de destaque. Observar o visual com olhos informacionais se torna tarefa premente para os profissionais da informação”, declarou.
De acordo com a análise da professora, desde os complicados retratos criados por Daguerre, a imagem ganhou atributos mais abrangentes e observar uma imagem exige mais atenção e um conhecimento específico. “Uma fotografia nunca é única. A ela sempre é possível relacionar uma outra, ou um texto, ou uma informação do repertório do receptor”, afirmou Manini. Segundo ela, além disso, a fotografia já é um objeto que contém muitas informações, como o processo fotográfico utilizado, dimensões, entre outros aspectos.
Para a professora, o objeto principal das preocupações é a fotografia enquanto documento, presentes em arquivos, acervos e bibliotecas. Para Manini, a fotografia deve ser tratada com mais atenção nesses ambientes. “A fotografia é um documento ímpar e diferenciado dentro das instituições, onde documentos escritos têm sido os principais alvos de tratamento. A análise documentária de fotografias é tema recente e ainda carente de estudos em desenvolvimento, principalmente no Brasil”, alertou a professora.
Cinema e didática
A professora relatou ainda a experiência por que passou na UnB com seus alunos. Segundo ela, é importante que os alunos, acostumados com a rapidez dos meios eletrônicos, passem por uma experiência diferente, abrindo espaço para o processo de catarse e emoção. “Essa experiência provoca, nos alunos, duas atitudes. Ambas altamente proveitosas. Primeiro, ao demonstrarem emoção, todos se igualam, as inseguranças desaparecem e a convivência se torna mais harmoniosa. Além disso, a troca de informações aumenta, o interesse diversifica-se e a capacidade de apreensão de conceitos se amplia”, analisou a professora.
O II Seminário acontece até o dia 21 de agosto, durante o dia todo. Além da professora Manini, da UnB, devem participar outros convidados de outras instituições, como a Universidade Federal Fluminense e TV Globo. Todas as atividades ocorrem o dia inteiro, no auditório da Biblioteca Central do CCS.