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Profissional do século XXI

 Com salão repleto de antigos e novos alunos, foi realizada a aula inaugural da Faculdade de Odontologia da UFRJ. O evento contou com a presença de Hilda Maria Ribeiro de Souza, médica e diretora do departamento de projetos e inovações da sub-reitoria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A dentista convidada propôs uma discussão a respeito do perfil esperado para o profissional da área de saúde no século XXI.

Esbanjando bom-humor, Hilda disse estar contente por poder visitar, após longos anos, uma “co-irmã” de sua casa (a UERJ), reforçando a importância da afinidade entre as universidades do estado. A médica também apontou o significante papel da odontologia brasileira no cenário mundial, garantindo que o ensino realizado nas faculdades de odontologia do país merece reconhecimento.

– Eu me comprometeria a assinar agora um diploma para vocês, segura de que ao concluírem o curso, em quatro anos, serão profissionais excelentes – desafiou a professora.

Apesar da qualidade dos egressos das universidades, os dados apresentados, a cada levantamento das condições de saúde bucal da população, revelam uma dura realidade: o desleixo em que grande parte da população está atirada. É difícil contrariar as percentagens que indicavam, pouco menos 5 anos atrás, que 85% da população adulta precisava de algum tipo de prótese dentária ou que 60% das crianças com até cinco anos já possuíam cárie.

Indignada com o descaso em que são deixados os brasileiros, a médica foi incisiva. “Se nós somos excelentes e não conseguimos dar conta de nossa própria população, algo de errado está acontecendo. Não acho que o problema esteja em nós”.

Apontados como possíveis atores da reversão desse quadro desolador estão os novos profissionais da saúde, adaptados e conscientes das diversidades cultural e social que tangem o panorama da odontologia no país. Antes mesmo que qualquer caracterização do dentista do futuro, tenha sido feita por Hilda, foi destacada a necessidade dos novos alunos entenderem a profissão que os seduziu para a escolha de suas vidas.

Esses dados sim, não poderiam ser mais otimistas, 69% de 600 candidatos entrevistados, dizem desejar continuar na profissão, mesmo com a jornada de trabalho exaustiva (em média, 40 horas por semana). Mais, um baixo grau de arrependimento por aqueles que decidem pela profissão foi constatado, ainda inferior à tão disputada carreira médica.

Para acompanhar o avanço dos séculos, esse novo ator social deve ir além, buscando atingir o perfil do profissional da saúde do século XXI, delineado como uma pessoa flexível, que investe na própria criatividade e que esteja sempre preparado para assumir responsabilidades. Habilidoso com a comunicação e expressão, também deve possui capacidade ímpar de trabalhar em grupo, assim como aceitar as diferenças culturais.

É de vital importância, também na tentativa de retardar o constante avanço da deterioração da saúde bucal, que o dentista do futuro, assim como os outros atores da área da saúde, seja capaz de trabalhar com eficiência e resolutibilidade no Sistema Único de Saúde (SUS). Assim como ter em mente que o estudo e atualização serão elementos constantes durante a vida profissional. E finalmente, valorizar a saúde e não a doença, enquadrando sua especialidade com a necessidade do país.

– Deve-se buscar suprir a demanda do país e adaptar-se à realidade local, assim, serão atingidos dois objetivos: a população será beneficiada e você não ficará frustrado – completa a dentista.

Com o esforço e determinação, quem sabe não veremos uma população sorrir feliz.