Na tarde desta terça-feira (19/8), o Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IQ/UFRJ) realizou uma palestra seguida de debate a respeito do Plano Diretor da UFRJ/2020. O evento contou com a presença de docentes, estudantes e funcionários, em sua maioria da unidade, com destaque para representantes do Centro Acadêmico do IQ e para a professora Cássia Turci, diretora do Instituto.
Pablo Benetti, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/UFRJ), apresentou uma parte do Plano, que inclui expansões, mudanças no sistema viário da Cidade Universitária, entre outros tópicos. Ele integra o grupo de trabalho que elaborou o documento com as diretrizes do Plano Diretor, ainda em processo de discussão. “Não há nada definido, não é algo fechado, há muito o que se discutir”, afirmou Benetti.
O docente falou basicamente sobre algumas idéias do projeto, como por exemplo, o desejo de promover uma maior integração da UFRJ, tanto no âmbito interno (entre suas unidades) quanto no externo. Para ele, é preciso pensar a universidade não apenas voltada para si, mas também aberta à sociedade.
Alguns pontos principais foram destacados, como a necessidade de tornar a Cidade Universitária um local ambientalmente correto, tendo em vista o compromisso com seu entorno mais imediato – o que pode ser exemplificado nos esforços pela despoluição do Canal do Cunha. O professor também frisou a importância de tornar o campus do Fundão um local de inovação e inclusão.
De acordo com ele, tudo isso pode ser posto em prática através de ampliações e melhorias nos transportes públicos, da integração de seus sistemas, da criação de centros de convivência ao ar livre e de usos urbanos compartilhados – como museus, bibliotecas, parques e locais para a prática de esportes.
“O IQ é uma bomba-relógio”
O tema que mais ganhou força no debate, ocorrido logo após a apresentação do professor da FAU, foi a questão da segurança no IQ, o qual fica localizado, de forma improvisada, no sexto andar do prédio do Centro de Tecnologia (CT/UFRJ). De acordo com a Lei que prevê normas para a construção de Pólos de Química, estes não podem ter mais do que três andares.
Há muito tempo os professores já vêm alertando a Reitoria para o problema, que até agora não teve solução. Para piorar, as diretrizes do Plano Diretor prevêem a construção de prédios com o mínimo de quatro andares, mínimo de pavimentos este que pode vir a pular para oito, o que não atende às necessidades do IQ.
Durante a discussão, os professores ficaram indignados e reclamaram da insensibilidade da Reitoria para com esta questão, que põe em risco a integridade da comunidade do IQ e do próprio CT. Segundo eles, a falta de alguém que entenda o exercício profissional da Química na administração da UFRJ dificulta o entendimento.
Já houve dois incêndios em laboratórios do IQ e uma explosão no Instituto de Física – que também está alocado de forma inadequada no mesmo prédio -, a qual furou o teto e o chão de um laboratório. Por sorte, não houve feridos.
– Isso aqui é uma bomba-relógio -, declarou Francisco Radler, coordenador geral do Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec). Ele afirmou que é apenas uma questão de tempo para que aconteça uma explosão e teme que a universidade tenha que responder pela morte de centenas de estudantes e demais pessoas do IQ. O professor alertou que um acidente deste porte no Instituto causaria estragos piores do que os da explosão do avião da TAM, ocorrida em julho de 2007 no aeroporto de Congonhas.