O Instituto de Economia da UFRJ promoveu nesta terça-feira (12/08) o seminário de pesquisa intitulado “O Espelho da China” para alunos de pós-graduação, ministrado por Antonio Barros de Castro, professor doutor de Economia da UFRJ e ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A importância do economista e a relevância do tema mediante as Olimpíadas atraíram um público especializado e interessado em debater os rumos econômicos do Brasil em comparação com a ascensão chinesa.
O professor deu início ao seminário com uma explicação sobre a colocação da China no mercado internacional, abordando as suas características “transformações de naturezas sistêmicas”. Isso significa que o país introduz mudanças de nível mundial: “As multinacionais estão mudando a partir da experiência chinesa”, enfatizou o mestre, e a seguir, expõe questões que dizem respeito às possibilidades de aplicação de modelos econômicos chineses aqui no Brasil.
A primeira característica exposta e a mais discutida ao longo do seminário – e também ao fim, na abertura para perguntas – é a diminuição dos preços das manufaturas chinesas, que antes se distanciavam do poder de compra das massas. O professor Antonio Barros de Castro citou o Brasil como um país que enfrenta o problema desse distanciamento: “No Brasil, o mercado se distanciou da base”, afirmou.
Ademais, retornando ao fenômeno da China, ele mostrou as conseqüências positivas da diminuição de preços: a intensificação de demanda dentro e fora do país, inclusive a África, bem como o funcionamento do sistema emergente chinês, que é “uma máquina capaz de vender barato, comprar caro e crescer intensamente. O mundo começa a funcionar no seu centro”, declarou Castro.
Diante disso, há a necessidade de reposicionamento dos outros países, a partir de novas estratégias. Como fica o Brasil nessa situação? Castro apresenta respostas que demonstram um otimismo em relação à economia brasileira ao apontar o país como potência frente à área de território aproveitável, que em comparação com a China com apenas 2,7%, o Brasil tem duas vezes mais; a eficiência do país como produtor; a dimensão do mercado interno; a ascensão do poder aquisitivo dos brasileiros e os “grandes bilhetes premiados” – como ele mesmo diz –, o etanol e o petróleo.
Portanto, debateu-se e questionou-se as facilidades e as dificuldades do campo econômico de Brasil e China, assim como foram especificadas condições de crescimento de ambos os países, numa análise comparativa, na qual se esclarece o título “O Espelho da China”.
Este seminário que abriu a programação de palestras do segundo semestre, foi coordenado por Hugo Boff, Doutor em Economia e Professor da Área de Estatística e Matemática do Instituto de Economia da UFRJ.