No centenário da morte de Machado de Assis, o Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ é palco de uma homenagem: o lançamento do livro Capitu Mandou Flores, que reúne 40 autores brasileiros na recriação de contos baseados nas dez melhores histórias do romancista carioca. O evento, realizado nesta quinta-feira, dia 20 de agosto, contou com a leitura dramatizada de três contos incluídos no livro, apresentada pelos atores Leonardo Netto e Marina Vianna.
Entre as interpretações, foi contado o conto “Lilinha”, de Godofredo de Oliveira Neto, escritor e professor da Faculdade de Letras da UFRJ, que prestigiou o lançamento. “Na voz de Marina, Lilinha ganhou vida. Parece que vi e ouvi a própria personagem”, elogia Godofredo a performance da atriz. A história é baseada na mais conhecida obra de Assis, “Dom Casmurro”. O conto do professor reproduz uma conversa entre uma assassina – Lilinha – e uma psicóloga, com referências aos olhos de ressaca de Capitu, ao amor relacionado à morte, ciúmes e desconfianças. Para o escritor, no entanto, a maior homenagem à Machado de Assis está na linguagem adotada:
– Se adotasse o linguajar, a ambientação de Dom Casmurro, seria uma idealização. Realismo é resgatar o hoje, a sociedade atual, como em sua época Machado procurava pontuar em suas obras – explica Godofredo, que ambienta sua história numa comunidade dominada pelo tráfico de drogas e coloca palavrões na boca da personagem. Além de “Lilinha”, foram contadas as histórias de Andréa Del Fuego, escritora paulista e autora de Minto enquanto posso, e Antônio Carlos Secchin, professor da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Letras.
O livro traz também cinco ensaios sobre a obra de Machado de Assis, da qual fazem parte os livros Quincas Borba e Memórias Póstumas de Brás Cubas, que ao lado de Dom Casmurro compõem uma das trilogias mais importantes da Literatura Brasileira. Sem dúvida, Capitu mandou Flores é uma bela homenagem ao escritor, meticuloso em seus conflitos psicológicos e de fina ironia aliada ao humor na representação das relações humanas. Machado não pode reeditar suas memórias, tal qual seu personagem, o defunto-autor Brás Cubas. Mas, certamente, nossos contemporâneos autores brasileiros deram conta desse trabalho – e o fizeram muito bem.