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Carlos Lessa: “Sou um professor”

Carlos Francisco Teodoro Machado Ribeiro de Lessa, ex-reitor da UFRJ e professor aposentado do Instituto de Economia, recebeu em Sessão Solene do Conselho Universitário o título de professor emérito, em homenagem realizada na última sexta-feira, dia 15 de agosto, no salão Pedro Calmon do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. A cerimônia foi marcada pela lembrança dos mais de 50 anos de história que Carlos Lessa escreveu junto à UFRJ, desde sua entrada na graduação no ano de 1956.

– Cumprindo decisão unânime do Conselho Universitário, tenho a honra de entregar o título de professor Emérito ao professor Carlos Lessa, pela grande contribuição prestada à ciência, ao ensino e em particular à Universidade Federal do Rio de Janeiro –, assim outorgou Aloísio Teixeira, reitor da UFRJ, o título a Carlos Lessa. Não apenas como um texto protocolar, o discurso sintetizou o ânimo dos professores e diretores presentes à cerimônia, que agradeceram e parabenizaram o homenageado, por sua contribuição e dedicação à Universidade.

Alcino Ferreira Câmara, decano do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, destacou o papel fundamental de Carlos Lessa em sua vida profissional, pois foi seu aluno e mais tarde se encontraram como companheiros de trabalho na UFRJ. João Luiz Sabóia, diretor do IE, e Maria da Conceição Tavares, professora emérita da UFRJ e ex-professora do Instituto de Economia, reforçaram os elogios. “O Lessa é o maior professor que já vi na minha vida”, disse Maria Tavares, que contou também sobre a história de amizade entre ambos, desde os tempos da faculdade e das lutas contra a ditadura até o encontro como professores da UFRJ e da experiência de Lessa na política, quando foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social nos anos de 2003 e 2004.

Lessa, já empossado do título, inicia então seu discurso de agradecimento, parafraseando a declaração de Maria da Conceição Tavares, quando foi presa durante a ditadura: “Eu sou um professor”. Com base nesta afirmativa, ele explica que costuma relacionar três características ao magistério: “é preciso ser ator e um Don Juan, para convencer e seduzir o outro a acreditar no que pensa o professor; e a melhor maneira de aprender é ensinando”, disse.

Com essa definição em mente, o homenageado ministra o que define como sua última aula: faz considerações sobre o Brasil e sua economia, elogiando a recente iniciativa governamental de destinar a arrecadação com a exploração de recursos da região de pré-sal, um grande reservatório de petróleo descoberto abaixo da camada de sal da costa brasileira, em especial na região sudeste, para a educação. “O Brasil precisa voltar a ser tema de discussão nas escolas e universidades”, completa o professor.

Por fim, Carlos Lessa afirma com veemência: “Eu detesto aposentadoria”, ao que Aloísio Teixeira rebate, fazendo referência a Carlos Drummond de Andrade: “A nossa casa pobre é rica em quimera. E nossa casa só é rica de quimeras com a sua presença”. Assim, fica o convite para que essa não tenha sido a última sedutora lição do mais novo professor emérito da UFRJ.