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Seminário Internacional “Do Atlântico ao Pacífico”

Já estão abertas as inscrições para o Seminário Internacional “Do Atlântico ao Pacífico, 200 anos da chegada da Família Real e 100 anos de migração Japonesa”. O encontro é promovido pelo Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ e será realizado nos dias 17, 18 e 19 de setembro no Salão Dourado.

Para garantir a vaga, os interessados devem enviar ao e-mail  atlanticoaopacifico@forum.ufrj.br nome completo, instituição, endereço, telefone e e-mail, e informar, ainda, se é aluno (graduação ou pós-graduação) ou profissional. Serão fornecidos certificados aos participantes com 100% de freqüência. As inscrições são gratuitas.
 
A questão central do seminário é discutir até que ponto a mudança do eixo econômico do Atlântico para o Pacifico – com o crescimento econômico dos paises asiáticos – influencia as trocas culturais entre as nações.

Como a discussão sobre a cultura oriental no Brasil ainda é tímida, a proposta do encontro é contribuir para o desenvolvimento de diálogos, convênios e estimular as pesquisas sobre as relações entre América Latina e Extremo Oriente.

Vão participar do seminário professores e pesquisadores do Brasil, Estados Unidos e Argentina. São representantes de diferentes instituições de ensino como UFRJ, UnB, USP, UERJ e UFSC. Já do exterior, os convidados são professores da Universidade de Buenos Aires, Columbia University e Universidade de Cornell, ambas de Nova Iorque.

PROGRAMAÇÃO

DIA 17 DE SETEMBRO DE 2008

19h – Abertura
Palestra com Naoki Sakai, professor do Departameno de Estudos Asiáticos da Universidade de Cornell, autor de Translation and Subjectivity entre outros e editor de Traces.
COLONIAL DIFFERENCE AND MODERNITY
In this presentation on ‘colonial difference and modernity’ I will conduct a historical analysis of the Eurocentric narrativisation of ‘modern,’ and examine the aspects of modernity that are closely associated with the historical emergence of the West. But I will also address those aspects of modernity which most effectively undermine and disrupt the ‘colonial difference,’ the distinction of the West from the Rest of the world sustained in the synchronous figuration of the West and the Rest that I have elsewhere called “the co-figuration of the West and the Rest.” In searching for a mode of modernism that eludes and interrupts the colonial difference, I will refer to the problem of contemporaneity.

DIA 18 DE SETEMBRO DE 2008

10h – Mesa-redonda: CIDADES E PERIFERIAS GLOBAIS
Participantes: Heloisa Buarque de Hollanda, Ivana Bentes, Margareth Pereira, Carlos Vainer, Nicolau Sevcenko

Nicolau Sevcenko é professor da USP e autor de O Orfeu Extático na Metrópole, entre outros.

ARQUIPÉLAGOS PROTENDIDOS: O ESTIGMA DO URBANISMO DO PÓS-GUERRA COMO DESAFIO PARA AS CIDADES DO SÉC. 21
A grande corrida tecnológica deflagrada ao redor da II Guerra Mundial, resultou em um modelo urbanístico concebido como planejamento reticular de focos concentrados de investimentos de capital, dispersão espacial, gestão de fluxos e monumentalismo espetacular. Os efeitos anti-sociais desse padrão foram ainda exacerbados pelo impacto da revolução microeletrônica. A melhor inspiração para enfrentar esse desafio provém dos primeiros críticos desse modelo.

Carlos Vainer é professor do IPPUR/UFRJ e co-organizador de A Cidade do Pensamento Único, entre outros.

CIDADES, CIDADELAS E A UTOPIA DO REENCONTRO – UMA REFLEXÃO SOBRE TOLERÂNCIA E URBANISMO
A fim de pensar os fundamentos de uma utopia urbana que inclua a cidade tolerante entre seus objetivos, sem fetichizar a história ou fazer do futuro a reiteração realista do presente, o autor ressalta o papel transformador dos sujeitos sociais que procuram fazer do direito à cidade uma condição da existência social. A construção da cidade justa e tolerante deverá fazer-se acompanhar, porém, do exercício da crítica dos processos que engendram e reproduzem a cidade injusta e intolerante e do exercício de encontros autênticos e irredutíveis ao simulacro do marketing urbano.

Margareth Pereira é professora da FAU/UFRJ e autora de Le Corbusier e o Brasil, entre outros.

COM O GLOBO EM SUAS MÃOS: OS PANORAMAS-SALON E O APRENDIZADO DAS CIDADES GLOBAIS DO PRIMEIRO LIBERALISMO
Criticar, corrigir, amar cidades: a agenda de muitas culturas urbanas no século XIX esteve envolvida neste processo. De Roma a Londres, do Rio a Jerusalém, passando por Constantinopla os grandes panoramas urbanos em 360° renovaram a cultura  visual moderna, criando uma comunidade “internacional” que aprendeu  observar e comparar cidades. Com o globo em suas mãos, citadinos de diferentes latitudes aprenderam, assim, a reconhecer as cidades globais do passado e aquelas que, agora, pareciam atualizar promessas de prosperidade e beleza.

Ivana Bentes é professora da ECO/UFRJ e autora de A Periferia Global (em preparação), entre outros.
PERIFERIA GLOBAL
As periferias e favelas sempre foram o outro da cidade moderna: lugar da miséria, dos guetos, dos deserdados, e simultaneamente espécie de cartão-postal perverso, com suas reservas de "tipicidade". No contexto global, com a emergência do cognitariado,  as periferias globais emergem como laboratório de experimentação no capitalismo cognitivo e biopolítico, com a produção de outros modelos de cidade. Cidades ersatz, substitutas, "duplos" da cidade formal (Ersatzstadt),  apontando para imagens –mundo e diferentes formas de vida. Análise da produção audiovisual e midiática.

Coordenação: Heloisa Buarque de Hollanda, professora Titular da Escola de Comunicação da UFRJ, e autora de O Feminismo como Crítica da Cultura e Pós-Modernismo e Política, entre outros.

15h – Mesa-Redonda: Diálogos entre Ásia e América Latina
Participantes:  Gonzalo Aguilar, Darci Kusano, Italo Moriconi e Eduardo Coutinho

Gonzalo Aguilar é professor da Universidade de Buenos Aires e autor de Otros Mundos e A poesia concreta: as vanguardas na encruzilhada modernista.

ORIENTE GRADO CERO: HAPPY TOGETHER DE WONG KAR WAI
En 1997, Wong Kar Wai llegó a la Argentina para filmar Happy Together. Este film, según un escritor argentino, marca el inicio del nuevo cine argentino. Aunque se trata de una boutade, a partir de esta afirmación investigaré las relaciones del cine argentino con el ‘cine oriental’ y la significación que tuvo este film en el contexto de los noventa.

Darci Kusano é Livre-Docente pela USP e  autora de Os Teatros Bunraku e Kabuki: Uma visada Barroca; Mishima: Homem de Teatro e de Cinema, entre outros.

MISHIMA NO BRASIL
Por que Mishima teria vindo ao Brasil em 1952? Abordagem da opereta "Bom Dia, Sra.!", do conto "Mulheres Insatisfeitas" e do drama "A Toca de Cupins", inspirados respectivamente no carnaval do Rio, na estadia em SP e numa fazenda em Lins. Filme "Patriotismo", dirigido e interpretado por Mishima.

Italo Moriconi é professor da UERJ e editor da EdUERJ. Autor de A provocação pós-moderna, entre outros.

PÓS-ETNOGRAFIA E GLOBALIZAÇÃO IMAGINADA NA RECENTE LITERATURA BRASILEIRA
A globalização transforma a relação etnográfica em relação política e existencial entre sujeitos de identidades desestabilizadas. As narrativas contemporâneas sobre o outro ou o até-há-pouco-exótico pertencem a essa cena pós-etnográfica.  Propõe-se aqui apontar para o apagamento da identidade e a existência deslocada em dois textos recentes da prosa ficcional brasileira: o romance Um sol se põe em S. Paulo, de Bernardo de Carvalho, e a novela Rakushisha, de Adriana Lisboa, ambos publicados em 2007.   

Coordenação: Eduardo Coutinho, professor Titular da FL/ UFRJ e autor de Literatura Comparada na América Latina entre outros.

HETEROGENEIDADE E PAISAGENS TRANSCULTURAIS LATINO-AMERICNAS: ALGUMAS REFLEXÕES                                      
Reflexões sobre conceitos como os de “transculturação”, “heterogeneidade cultural”, “hibridez”, “pós-ocidentalismo”, e “geocultura da América Latina”, entre outros, à luz das contribuições oriundas da nova Literatura Comparada e das novas paisagens transculturais que vêm remapeando a cartografia do continente latino-americano.   

DIA 19 DE SETEMBRO DE 2008

10h – Mesa-Redonda: ENTRE O PACÍFICO E O ATLÂNTICO
Participantes: Liv Sovik, Jorge Fernandes da Silveira, Helion Póvoa Neto, Guillermo Giucci, Francisco Carlos Teixeira

Francisco Carlos Teixeira é professor Titular do IFICS/UFRJ e organizador de O Mundo Latino e a Globalização e O Século Sombrio, entre outros.

Guillermo Giucci é professor da UERJ e autor de Viajantes do Maravilhoso e A Vida Cultural do Automóvel, entre outros.

 A REVELAÇÃO DO FIM DO MUNDO: A TERRA DO FOGO
No início do terceiro milênio, não há mais o desconhecido geográfico. Entretanto, o processo de descobrimento do mundo levou muitos séculos para ser completado. A história da colonização da Terra do Fogo apresenta um esplêndido laboratório para examinar o processo de revelação de uma região do planeta denominada, desde o século XVI, “o Fim do Mundo”.

Helion Póvoa Neto é professor do IPPUR/UFRJ, coordenador do NIEM (Núcleo Interdisciplinar de Estudos Migratórios) e co-editor de Mundos em Movimento.

TRÂNSITOS E IMPEDIMENTOS OCEÂNICOS: ESPAÇOS DA FLUIDEZ, TERRITÓRIOS DO CONTROLE
Mares e oceanos têm sido, ao longo da história, espaços de trânsito e de intercâmbio, através dos quais se desenvolveram os grandes processos migratórios entre os continentes. A intensificação das atitudes de rejeição aos imigrantes nas áreas de chegada, a par das condições que continuam incentivando e mesmo exigindo os movimentos de saída, transformam esses espaços de trânsito em territórios sujeitos à vigilância e sobre os quais se busca impor mecanismos de controle sobre migrantes e refugiados. Mediterrâneo, Atlântico e Pacifico foram e são os palcos dessa disputa entre fluidez e retenções, entre liberdade e violência.

Jorge Fernandes da Silveira é professor Titular da FL/UFRJ e autor de O Tejo é um Rio Controverso entre outros.

O TEJO É UM RIO CONTROVERSO
A partir das teses de António José Saraiva sobre Os Lusíadas – com destaque para a que expõe a “contradição central” do poema – considerações em torno da recepção da epopéia camoniana na forma de expressão da consciência crítica do seu autor e na formação da identidade cultural brasileira.

Coordenação: Liv Sovik, professora da ECO/UFRJ e co-editora de Da Diáspora e Lugar Global e Lugar Nenhum.

15h – Mesa-Redonda: REPENSAR O MUNDO

Participantes: Gustavo Lins Ribeiro, Bruce Robbins, Raul Antelo, Denilson Lopes e Beatriz Resende

Gustavo Lins Ribeiro é professor da Universidade de Brasília e autor de Postimperialismo entre outros.
Repensando o mundo desde sua base: a globalização popular e o sistema mundial não hegemônico

Bruce Robbins, da Columbia University, autor de Feeling Global e Cosmopolitics, pesquisador Latino-americano.

PRAISE AND BLAME IN THE INTERNATIONAL PUBLIC SPHERE
How can rhetoric be mapped onto geopolitics? Rhetoric is no stranger to power. But attention to the effects of power on language, as in "speaking for" or "speaking as" or "speaking from," have largely been confined to questions of multiculturalism, which is to say confined within a given national context. Cultural critics have not focused in a theoretically sustained way on cosmopolitan speech at the level of the so-called world system. That is the project I will try to report on.

Raul Antelo é professor Titular da Universidade Federal de Santa Catarina. Entre seus livros recentes destacam-se Crítica Acéfala e Maria com Marcel Duchamp nos Trópicos.

O GLOBO, O QUADRO, O ESPELHO: O SÍMBOLO PELO AVESSO
Levinas nos propôs o conceito de entre-tempo (1948) para definir uma posição perante a transparência e transcendência fenomenológicas mas também perante a imanência da semelhança e da imagem. Nos interstícios do tempo, numa eterna e paradoxal, quando não vertiginosa, imobilidade da duração, o tempo de uma obra consiste na sua singular duração no intervalo. O conceito de entre-tempo (como mais tarde o de entre-lugar) nos permite pensar um regime pós-autonômico, i.e. pensar por imagens.

Denilson Lopes é Superintendente de Difusão Cultural do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, professor da ECO/UFRJ, e autor de A Delicadeza: Estética, Experiência e Paisagens.

DE VOLTA AO MUNDO
Se seguimos a provocação de Negri e Hardt que só uma resistência global terá eficiência, como podemos pensar este debate na arte para além das diásporas e hibridismos interculturais? A partir dos diferentes sentidos na literatura, na música e, finalmente, no cinema que o termo mundial e global assumem; faremos uma breve análise de “Até o Fim do Mundo” de Wim Wenders e “O Mundo” de Jia Zhang-ke para refletirmos sobre que é pensar o mundo e quem pode pensar o mundo hoje.

Coordenação: Beatriz Resende é Coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, professora da UNIRIO e pesquisadora do PACC/UFRJ. Autora de Contemporâneos: expressões da Literatura Brasileira no século XXI (2008). Apontamentos de crítica cultural,  e Lima Barreto e o Rio de Janeiro em fragmentos, dentre outros.

18h – Palestra de Encerramento

Silviano Santiago foi professor da UFF, é escritor e ensaísta.

DESTINO: UNIVERSALISMO. ATALHO: NACIONALISMO. RECURSO: CORDIALIDADE
Trabalha-se universalismo e nacionalismo a partir da noção de crise, como a define o paquistanês Kishmore Mahbubani (Can Asians think?). Deve ser lida pelo ideograma chinês correspondente, que assimila dois caracteres, que significam respectivamente perigo e oportunidade. Do perigo globalizado nasce a oportunidade da transformação local, podendo o resultado trazer o enriquecimento mútuo.