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Memória

Por um ar mais puro

Com o objetivo de conscientizar a população a respeito dos riscos representados pelo uso do cigarro, a UFRJ comemora, a partir de amanhã (29/8), o Dia Nacional de Combate ao Fumo com uma semana de atividades promovidas pelo Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo (NETT), do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). A data foi oficializada em 1986, através da Lei Federal nº 7.488, e, desde então, busca alertar jovens e adultos sobre os malefícios provocados pelo tabaco. Este ano, o tema escolhido foi "Ambientes 100% livres de fumo: um direito de todos".

O tabaco está entre os principais agentes de poluição em recintos fechados, uma vez que sua fumaça contém cerca de 4.700 substâncias tóxicas, como nicotina, amônia, acetona, metais pesados e monóxido de carbono. Mesmo o uso de ventiladores ou de filtros para a renovação do ar não é suficiente para expulsar seus constituintes. Assim, tanto indivíduos fumantes, quanto não-fumantes podem desenvolver doenças relacionadas ao cigarro, dentre elas câncer de pulmão, enfisema, bronquite, asma, enfarte do miocárdio e acidente vascular cerebral.

Segundo dados da pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), juntamente com o Instituto de Estudos de Saúde Coletiva (IESC) da UFRJ, pelo menos 2.655 não-fumantes morrem a cada ano no Brasil, vítimas de doenças causadas pelo tabagismo passivo, isto é, decorrentes da exposição ao fumo.

Dessa forma, Alberto Araújo, pneumologista e diretor do NETT, chama a atenção para os riscos que um ambiente comprometido pela fumaça do tabaco traz. "Não tem como separar um ambiente de fumante de um ambiente de não-fumante. Onde tem fumante, não existe não-fumante. Todos fumam. Uns fumam ativamente e outros passivamente. O fumante, inclusive, fuma duas vezes, ativamente e passivamente. Fuma o cigarro e a fumaça do cigarro", alerta Alberto.

UFRJ livre do tabaco

A necessidade de se criar uma norma de convivência social entre aqueles que fumam e os que não fumam levou o NETT a desenvolver o projeto "Universidade livre do tabaco". A idéia principal é promover, por meio de estratégias de curto, médio e longo prazo, ações que permitam a edição de uma Portaria do Reitor determinando que, a partir de 29 de agosto de 2008, os centros e unidades acadêmicas da UFRJ devem adotar a política do ambiente livre de tabaco de forma a proteger a comunidade dos efeitos nocivos do cigarro. Na UFRJ, desde 2000, a política está em vigor no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) e no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG).

Na verdade, já existe, desde 1996, uma Lei Federal que proíbe o fumo em ambientes fechados. Mais recentemente, em 12 de maio de 2008, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro sancionou também o Decreto nº 29.284 impedindo o fumo em recintos coletivos fechados no município. Além disso, desde 2003, o Brasil é signatário da Convenção-Quadro Internacional para Controle do Tabaco (CQCT), primeiro tratado mundial de saúde pública, adotado pelos países membros da Organização Mundial de Saúde, que prevê iniciativas na área.

De acordo com Alberto, o objetivo não é agir punitivamente, mas sim conscientizar a população. O médico explica que o tabagismo é uma doença neurocomportamental que provoca dependência. Além dos malefícios ao organismo humano, pode causar também incêndios e explosões.

Segundo ele, com a implantação de um ambiente livre de tabaco nas empresas, em todas as campanhas realizadas, 10% das pessoas que fumavam largaram o cigarro em um ano. "Restringir o fumo no horário de trabalho já cria no indivíduo uma condição para ele ir se acostumando com a idéia de diminuir e depois até pensar em parar de fumar. Aqui no Hospital aconteceu isso", afirma o pneumologista.

O diretor do NETT destaca ainda o papel e a importância social da universidade como formadora de opiniões e fomentadora do conhecimento, levando-se em consideração seu expressivo número de alunos, funcionários, pesquisadores e docentes. "O principal objetivo da universidade é formar uma elite intelectual, pensadora e de trabalhadores para atuar em diversas áreas do conhecimento. E essas pessoas vão influenciar outras. É uma coisa que passa a ser levada para onde a pessoa vai", conclui Alberto Araújo.