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Memória

Passado e futuro unidos

 Nada melhor que uma boa história para relembrar o que a falha memória humana algumas vezes insiste esquecer. Então, para premiar a importância de seu passado e evitar um futuro pobre de lembranças, o Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais (NPPN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro contou um pouco de sua trajetória, durante a conferência de abertura da I Semana de Pós-graduação, organizada pelos doutorandos da instituição.

O evento realizado na última segunda-feira (18/8) teve a presença de Gilda Guimarães, diretora do NPPN, Marcos Barbosa, professor adjunto da UFRJ, Paulo Ribeiro, professor titular do setor de Síntese Orgânica, também presidente da mesa e Luís Antônio Paes leme, o primeiro mestre formado pelo núcleo. Os convidados lembraram um pouco de suas relações pessoais com o longo caminho tomado pelo NPPN e reforçaram a importância de eventos como este para a união entre estudantes de diversas instituições e na divulgação de trabalhos realizados na casa.

O primeiro aluno de mestrado, a grande surpresa dos organizadores para o evento, emocionado, compartilhou com os ouvintes um pouco do que vivenciou na década de 60, quando o núcleo começava a dar os primeiros passos em direção a se tornar o grande formador de profissionais que é hoje. “É uma enorme felicidade sentir que em 1963, nas instalações da Faculdade de Farmácia, o NPPN começava a ganhar forma. Já no segundo semestre de 1964, começavam os cursos específicos e em 1968 defendia a minha dissertação de mestrado”, recordou Luís.

O estudante que é parte da história do núcleo relembrou ainda a importância do conhecimento científico e tecnológico para a transformação de um país em uma grande potência, como foi o caso do Japão que, dispondo de tais ferramentas, conseguiu se reerguer das cinzas deixadas pela Segunda Guerra Mundial para se tornar a nação que é hoje. O convidado defendeu o grande potencial do Brasil para figurar entre os países mais respeitados do mundo, o que, segundo ele, seria facilitado pela extensa população, o vasto território nacional e pelas pequenas, porém importantes conquistas do país – uma das oito nações capazes de montar submarinos – e incentivou a todos que lutassem pelo futuro do país.

Para recordar o longo período em que o núcleo (nessa época, ainda chamado de Centro de Pesquisas de Produtos Naturais) era apenas um projeto, nada melhor que um de seus fundadores, professor Benjamin Gilbert. O inglês de coração brasileiro, como seus colegas o definem, contou como sua trajetória se cruzou com os estudos de Walter Mors, também participante do embrião do NPPN.

Gilbert veio ao Brasil para ajudar na montagem do laboratório do talentoso dr. Mors, que anos antes teria aceitado uma proposta de estágio do dr. Djerassi, professor contratado pela Wayne State University, visando o aperfeiçoamento nas técnicas analíticas e de isolamento e purificação de produtos naturais. Uma vez lado a lado, Benjamin e Walter, juntamente com o professor Paulo Lacaz, viram crescer o NPPN, desde o tempo em que estavam localizados na Faculdade de Farmácia no campus da Praia Vermelha (1963 –1972), até a implantação do programa de doutorado, em março de 1990.

Para quem deseja fazer parte na transformação do país, como sonha Luís Antônio, é importante saber que o conhecimento é uma ferramenta fundamental para qualquer mudança positiva. Assim, uma sugestão para aumentar esses é assistir às 11 conferências que se estendem até sexta-feira e participar dos quatro mini-cursos.