Categorias
Memória

UFRJ discute a relação entre incubadoras e movimentos sociais

 Entre os dias 1º e 3 de agosto, aconteceu no campus UFRJ da Praia Vermelha o IV Encontro da Rede Universitária de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares (ITCP) da região Sudeste, organizada  pela incubadora do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe/UFRJ), que existe há 13 anos. Com o tema As Incubadoras e os Movimentos Sociais: Estratégias de Cooperação, o evento teve por objetivo levantar discussões sobre a influência mútua entre os empreendimentos, as ITCP’s e os movimentos sociais, bem como trocar experiências entre cooperativas incubadas representadas no encontro.

Nas Universidades Públicas, a ITCP é um projeto de extensão que procura na sociedade grupos que possam ser transformados em cooperativas, empreendimentos que trabalhem com economia solidária, conforme explica Mariana Freire, estudante de Comunicação Social da UFRJ e estagiária de jornalismo da ITCP/Coppe. “O objetivo de incubadoras da rede universitária é democratizar o conhecimento produzido dentro da Universidade, no intuito de transformar a realidade sócio-econômica de alguns empreendimentos”, explica a estudante, lembrando que as ITCP’s lançam mão da interdisciplinaridade para assessorar as cooperativas da melhor forma possível.  

Segundo Fabrício Vilas, técnico de incubação (ITCP/UFRJ) e um dos coordenadores do evento, as cooperativas populares são uma forma de lutar contra o sistema capitalista atual. “Trabalhamos com autogestão, onde não tem patrão/empregado, mas sócios, pois a chance de eles competirem no mercado de trabalho unindo forças é muito maior do que individualmente, Assim não fica à mercê do mercado”, conta. Para ele, a grande importância da cooperativa está nisso: na aquisição de materiais e na venda em conjunto, no fundo social para a cooperativa, idéia que Mariana completa: “a ITCP é uma incubadora de cooperativas populares que trabalha com a questão da economia solidária, principalmente em grupos considerados excluídos. Então mais que o lucro, há uma forte questão de inserção social”, completa Mariana.

A cerimônia de abertura contou com a presença de Laura Tavares, pró-reitora de extensão da UFRJ,Sylvia Leser, coordenadora regional da rede ITCP, Mauro Lemos, representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), e  Javier Ghibaudi, coordenador de transferência de tecnologia ITCP/Coppe/UFRJ. Os convidados ressaltaram a importância da Universidade na democratização do conhecimento e a necessidade de o estudante das instituições públicas reconhecerem o compromisso que têm com a sociedade brasileira. “A universidade é mais que um conjunto de escolas profissionalizantes. É a oportunidade de interferir positivamente nas políticas públicas do nosso país”, enfatiza Laura Tavares, defendendo como virtuosa a aliança entre Universidade Pública, movimentos sociais e incubadoras, que seriam um novo braço de força no desenvolvimento de políticas públicas efetivas.

Já para Sylvia, ainda há muito a ser feito. “Enquanto o jovem pensar que está numa instituição de ensino superior pública para se formar e servir como instrumento para o mercado de trabalho, a Universidade não cumpre o seu papel. Ele precisa estar ciente de que assumiu um compromisso com a sociedade”, defende a coordenadora, ao que Mauro Lemos completa: “É preciso firmar a Universidade Federal não apenas como uma instituição do povo. É preciso jogá-la para fora dos muros”. Laura Tavares reforça ainda a fala de seus companheiros de mesa, finalizando o debate com uma citação de Darcy Ribeiro. “O Brasil, como nosso povo, é nosso problema e de nossa Universidade”.