Categorias
Memória

Medicina e Estatística: a interação entre as áreas

 O workshop Interface Medicina e Estatística, em comemoração aos 200 anos da Faculdade de Medicina da UFRJ ocorreu hoje (4/8) no auditório Alice Rosa, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF).

Com o encontro, pretendeu-se fazer uma prospecção do futuro para a Medicina, sendo a Estatística uma interface fundamental. A mesa de abertura foi constituída por Antonio Ledo, diretor da Faculdade de Medicina, Angela Uller, pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa (PR-2) da UFRJ, e Santiago Ramirez, chefe do departamento de Métodos Estatísticos do Instituto de Matemática da UFRJ.

Angela Uller falou também em nome do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), evidenciando a importância do encontro no sentido de criar uma interação entre diferentes áreas, como a Medicina e a Estatística. “A convivência entre áreas é muito salutar. Há o problema de uma área não conversar com a outra. Queremos que as discussões desse evento sejam as mais abrangentes e interdisciplinares. Sistemas Complexos foi um dos temas que surgiu, além de Engenharia da Saúde, que é um tema que a Coppe também discute atualmente, mostrando a importância que é dada à saúde e às ciências biomédicas”, relatou a pró-reitora.

Segundo Basílio de Bragança Pereira, organizador e chefe do comitê científico do workshop, a intenção pretendida com o evento é a de promover a utilização de métodos estatísticos mais modernos do que os atualmente utilizados na área médica. “A estatística é uma das tecnologias da metodologia da pesquisa, então ela serve para os estudantes de graduação, pós-graduação, e principalmente para os médicos e pesquisadores”, afirma Basílio.

A primeira palestra foi de Carlos Alberto de Bragança Pereira, diretor no núcleo de Bioinformática da Universidade de São Paulo (USP), que falou sobre diagramas de influência e diagnóstico médico. Como exemplo, ele mostrou o caso de um crime ocorrido em um prédio, onde o culpado deixou marcas com seu sangue. A partir do tipo sanguíneo encontrado, procura-se o criminoso. Quanto mais raro for o sangue presente no local, maior será a probabilidade do indivíduo que possui este sangue e esteve perto da cena do crime ser o culpado. Com isso, o professor explicou como calcular essa probabilidade.

Alexandra Mello Schmidt, professora do Instituto de Matemática da UFRJ, foi a responsável pela segunda palestra do dia. Ela falou sobre a modelagem de casos de dengue no Rio de Janeiro, e casos de malária no Amazonas, assunto de sua pesquisa nos últimos cinco anos. “Quanto aos casos de dengue, temos observações para bairros no Rio de Janeiro ao longo de semanas, e, estatisticamente, precisamos tratar dessa correlação no tempo e no espaço. Espera-se que bairros vizinhos tenham números de casos parecidos, enquanto bairros com maior distância entre si se comportem de forma mais independente”, explica a professora.

Os modelos apresentados servem para melhorar as previsões espaço-temporais da incidência das doenças. “Com estes dados, os responsáveis pela saúde no Estado podem alocar verbas de acordo com a expectativa do número de casos que eles vão apresentar num local”, finaliza Alexandra.